Titular: Helio Fernandes

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

RESPONDENDO A SEGUIDORES SOBRE LACERDA E O GOLPE DE 64. A MORTE DE EDSON LUIZ DO CALABOUÇO, A DESTRUIÇÃO DA TRIBUNA, E O MASSACRE DE PARIS. COM A LIBERDADE SOBREVIVENDO A TUDO.

HELIO FERNANDES
09.01.15
Ás 23 horas de quarta feira no Rio, já duas da madrugada (ontem, quinta) em Paris, uma estação de televisão dos EUA (NBC), decidiu dar um "furo" Então noticiou sem qualquer reserva: A policia da França prendeu três assassinos dos jornalistas do semanário "Charlie Hebdo".
Autoridades da França desmentiram imediatamente: "Não houve nenhuma prisão, continua a caça aos assassinos". A NBC não se manifestou, confirmando o que publicara ou desmentindo e revelando a pressa e o açodamento no noticiário de um fato que comoveu e emocionou o mundo.
Todos acordaram reverenciando os cartunistas, abominando os terroristas. Meio dia de lá, luto oficial e emocional. Em Paris e em todas as cidades da França. As pessoas se abraçam, choram, emocionados. Acontecem fatos que a própria policia confessou que não sabe explicar.
Confirmado: um policial morto em tiroteio, restaurante explodindo a 154 quilômetros de distancia. E sete presos, aparentemente envolvidos no caso. A pergunta não respondida: esses casos se ligam ou se interligam?
Ás 17 horas de lá, diante da boataria de rua e de redes sociais, nota oficial da policia: "Não estamos cercando terroristas em lugar algum, mais de mil policiais reforçam as buscas, nenhuma notícia dos terroristas".
Sem informação, quatro mil policiais se dispersam pelo centro, norte e sul da França, apenas desespero e desorientação. O que fazer que já não fizeram? No momento, 22 horas em Paris, a Torre Eiffel foi apagada, homenagem aos jornalistas mortos.
A policia desmente tudo o que falam, fica a expectativa da prisão. Mas tudo não passa de expectativa, que pode mudar a qualquer momento.
Presidente da Câmara.
Ontem analisei o problema da escolha do presidente do Senado. Se não tivesse sido citado nos escândalos da Petrobras, Renan Calheiros seria reeleito mais uma vez, coisa que antigamente não era permitido. O cargo pertence ao partido majoritário, o PMDB. Renan está a espera, escuta e trabalhando.
Agora quem é atingido por suspeitas é o deputado Eduardo Cunha, candidatíssimo a presidente da Câmara, que faz campanha no etilo presidencial. Viaja a jato pelo Brasil todo, mas agora entra em cena o Procurador Geral que lava a corrupção de senhores privilegiados. Entre esses, o favoritíssimo do PMDB, mas sem apoio total da legenda e nenhum do Planalto.
Eduardo Cunha tem os mesmos problemas do Renan, não é ganhador antecipado, e tem a complicação das datas. A eleição será no dia 1 de fevereiro, e o Procurador Geral só poderá fazer qualquer representação no Supremo, lógico quando este acabar as férias a partir de 3 de fevereiro.
Como todos, o deputado afirma e garante que não tem nada ver com o que aconteceu e continua acontecendo na Petrobras. Digamos que seja eleito nesse dia de fevereiro, um sábado, empossado imediatamente. O Procurador Geral só se transforma em personagem, três dias depois.
O problema do Procurador.
A que Supremo ele se dirigirá para tentar indiciar Eduardo Cunha? O que não se reúne mais no plenário, decisão rigorosamente inconstitucional? Ou a uma das duas Turmas, cada uma com cinco (5) Ministros? Se referendar a inconstitucionalidade e se dirigir a um das Turmas, leiam o que pode acontecer.
Com três (3) Ministros presentes, a Turma pode decidir. Aceitemos que esse número !aconteça", qualquer um submetido ao novo sistema, ganhará ou perderá por um (1) voto. 2 a 1 a favor ou contra, não existe mais a competência, a imponência e a importância do "plenário soberano, que decide soberanamente".
Data venia, uma excrescência.
Ralph Linchotti, Lacerda não apoiou o golpe de 64 em nenhum momento. Como era candidatissimo a presente na eleição marcada para 3 de outubro de 1965, seria contradição apoiar o golpe que eliminaria precisamente a eleição.
O que houve: perplexidade, confusão e a sensação praticerteza de que Jango pretendia permanecer no Poder sem eleição, da forma como aprendeu com Vargas. Isso se confirmaria depois, e o grande sacrificado foi o próprio Lacerda.
Jango assumiu como presidente Parlamentarista, trabalhou intensa e insistentemente para continuar como presidente. Se tentasse isso com eleição, (no caso dele reeleição), nada contra.  Mas conseguiu marcar plebiscito referendo para 6 de janeiro de 1963, o Presidencialismo votou, 8 milhões a favor, apenas 2 milhões contra.
Só que assumiu e começaram as medidas ditatoriais. A primeira: Mensagem ao Congresso fazendo intervenção na Guanabara e implantando o “estado de sitio”. Que iria atingir o governador Lacerda. Mas a sua bancada majoritária no Congresso, PSD-PTB foi a ele e comunicou: “Presidente, não há condições para essas medidas”. Jango imediatamente retirou a Mensagem.
Convencidos de que Jango não faria nem queria eleição, todos os governadores se uniram contra. Pela ordem de importância da população. São Paulo, Ademar de Barros já havia lançado sua candidatura pelo PSP. 

Minas, Magalhães Pinto sabidamente candidato, só que não tinha legenda. Pertencia a UDN, mas esta apoiaria Lacerda. O governador da Guanabara com poder de fogo maior que todos, incendiava as ruas, mas a favor da eleição.
O governador Mauro Borges, de Goiás, Major da reserva, queria eleição, acreditava que podia no mínimo ser vice de alguém. (Depois foi logo cassado). Ney Braga, governador do Paraná, Tenente Coronel da reserva, em 64 se entendeu com o comando do golpe, ficou no cargo até o fim.
JK-Castelo Branco.
Os líderes do movimento golpista dentro do Exército, eram Cordeiro de Farias e Costa e Silva, O primeiro ultrapassado, “ganhou” um ministério importante. O segundo que trabalhava para ser “presidente” em 65 teve que esperar 1967.
Castelo Branco surgiu do nada. Da turma de 1921, não participou dos movimentos dos Tenentes de 1922, 24, 26, 27. Foi da FEB como Tenente coronel. Comandou o ataque a Monte Castelo, fracasso total. Existem dois livros do general Lima Brayner (Chefe do estado Maior Geral do Marechal Mascarenhas de Mores) libelo terrível sobre e contra Castelo Branco.
Mas ele começou a conversar com Juscelino na casa do deputado de oito (8) mandatos, Joaquim Ramos. Teve dois encontros com JK, nos dois garantia, como regis rei na época: “Presidente só quero manter a eleição para 1965, meu único objetivo, e o senhor será o maior beneficiado”.
E depois: “Como Chefe do Governo Provisório, não posso manter nada. Preciso ser empossado perante o Congresso”. O que JK ou o Congresso desarmado podiam fazer? Castelo tomou posse no Congresso, logo depois mandava prender Juscelino e apoiava a prorrogação do próprio mandato.
Lacerda, que tinha sabidamente grande penetração no Exercito, apoiou um “presidente”, empossado pelo Congresso. Perdeu tudo, cassado em 1968, morreria em 1977, dois anos antes da “anistia ampla, geral e irrestrita”m que só beneficiou os generais torturadores.
Democrata, era um “político-intelectual” (como ele se identificava), sempre admitiu que pretendia ser presidente. E como estava terminando o mandato de governador da Guanabara, recebendo elogios gerais e totais, essa vontade aumentou.
Ralph, acho que dá para entender. Podia escrever o dia todo, Fazia programa na televisão, intitulado, “O Repórter da História”, expliquei muita coisa, mas a s novas gerações têm que encontrar a forma de acabar com a perplexidade.
Este repórter e Lacerda, grandes amigos, mas não incondicionais. Discordavamos muito, nada anormal. Um exemplo no final de 1954, JK me convidou para dirigir a parte da comunicação de sua campanha. Aceitei quando ele me disse “Helio, não há dinheiro para nada”. Por delicadeza fui comunicar a Lacerda, ele reagiu imediatamente, ”Você não pode aceitar”. Minha resposta: “Já aceitei”.
Jeronimo Martins e Silva, a morte do Edson Luiz, no Calabouço, nada a ver com a guerrilha. Os guerrilheiros já estavam no Araguaya há muito tempo. Foram, alertados de que seriam 60 combatentes contra 60 mil do Exercito, estavam determinados, Morreram quase todos, como aconteceu em 1896 em Canudos quando três quartas partes do Exercito massacraram toda a população.
Quanto ao assassinato do Calabouço, foi importantíssimo para a “passeata” dos 100 mil. Alguém imediatamente criou o slogan, “mataram um estudante, e se o filho fosse seu?”.
Saulo Pinheiro Jr, eu sabia que era vingança. Cheguei aos “escombros” do prédio da Tribuna, ás 4.10 da madrugada. Todos passavam, paravam, iam chegando granes personalidades. Barbosa Lima Sobrinho, Bernardo Cabral, Ulisses Guimarães. Alceu Amoroso Lima, quem estava no Rio foi para lá.
A “anistia” que os generais conseguiram para eles mesmos, entrou em vigor a partir de 1979. Pois o massacre da Tribuna foi em 1981, dois anos depois. Destruíram até o Calendário Gregoriano.
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Nossos leitores podem fazer comentários e se comunicar com o colunista, através do e-mail:
blogheliofernandes@gmail.com
As respostas serão publicadas aqui no rodapé das matérias. (NR).
Helio,
O jornalista em resposta ao meu e-mail, entendo que tenta exorcizar Lacerda quanto o apoio ao ditador Castelo Branco. Senão vejamos suas palavras ...Lacerda, que tinha sabidamente grande penetração no Exercito, apoiou um “presidente”, empossado pelo Congresso. E sendo assim, obviamente apoiou o golpista e o golpe, ou como gosta de escrever, golpilissimo, golpista e golpeador.
Ralph Lichotti – Niterói
Helio Fernandes,
Cumprimento o nobre jornalista que infelizmente apesar de ser analógico, apoia os movimentos sociais cuja ferramenta é a internet. Isso se deu após 13 de junho de 2013? Você escreve no computador? E os outros colunistas da Tribuna de papel?, E os talentosos Carlos Chagas e Sebastião Nery (que é bom baiano), porque não escrevem aqui.

Sonia D´avila – Salvador-BA

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