Titular: Helio Fernandes

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

ASSUSTADA, DONA DILMA MANDOU VOTAR EM RENAN. MAS A DERROTA PARA EDUARDO CUNHA, FOI UMA CATÁSTROFE. ELE ESPERAVA 300 VOTOS, TEVE 267.

HELIO FERNANDES
03.02.15

Ontem, ás 18 horas e sete minutos, era proclamado o resultado da eleição para presidente do senado. Nada surpreendente em matéria de números mas sim pela origem dos 49 votos obtidos por Renan. O Planalto e o PT que sinalizavam uma presumida hostilidade a Renan, votaram nele, sem obstáculos ou subterfúgio.

Podem fazer comparações com as outras duas vezes em que Renan disputou e venceu a eleição, sempre com votação perto ou acima dos 60 votos. O que levou o Planalto a mudar seu rumo e seu roteiro na eleição?

Medo de enfrentar o poder e o poderio de Renan, que já deixava claro, que derrotado ou com uma vantagem mínima, não os 18 votos que colocou sobre Luiz Henrique, faria oposição violenta ao Planalto. Isso é que decidiu a eleição. O Planalto está acuado, tumultuado, assustado.

Luiz Henrique esperava mais do que os 31 votos. Fez um bom discurso, e de uma certa forma não foi derrotado nem emparedado. Quando “entrou” na política, há pouco mais de 34 anos, dizia a amigos: “Gostaria muito de ser prefeito de minha cidade, Joinvile”. Foi prefeito, governador duas vezes, senador e candidato a presidente, que chegou a assustar o Planalto e mandar votar em Renan.

É possível que o resultado do Senado, tenha influenciado sobre a eleição da Câmara. Mas neste momento, 19 horas, impossível dizer alguma coisa.

Eduardo Cunha teve votação, rigorosamente de acordo com a campanha que ele fez. Disse aqui, varias vezes, que era tipo “presidencial” e não para Presidente da Câmara, embora este cargo seja importantíssimo.

O primeiro mês do segundo mandato, tem sido dilacerante para Dona Dilma. Não perdeu no Senado, porque se rendeu. Na Câmara tentou acordo, não houve receptividade. Embora o seu discurso de vitória, tenha sido brando, o susto vai custar a passar.

50 anos depois.

Ontem tomaram posse os 513 deputados que supostamente ficarão quatro anos. A chamada foi feita pelo deputado Bonifácio de Andrada. Enquanto ele  gritava o nome dos novos e dos que reelegeram, lembrei de outra chamada feita em outubro de 1965, tendo como personagem principal outro Bonifácio de Andrada.

Votava-se então a prorrogação do "mandato" do general Castelo Branco. Projeto impulsionado por ele mesmo, enquanto nos bastidores flertava com a mistificação, dizia: "Não quero prorrogação, meu mandato acabou".

Depois de quase três horas de votação, um aparente impasse: o placar registrava empate. O que fazer? Castelo apelava para todos os lados, ficaram horas em silêncio. Até que o senador João Agripino lembrou que um deputado da Paraíba ficava sempre bebendo num bar ali perto. Foi, levou-o para a Câmara, assim que entrou no plenário, Bonifácio de Andrada gritou "como vota? Vota pela prorrogação, está aprovada".

Castelo Branco que não fora eleito, ganhou mais dois anos. Ele e os outros generais, arbitrários e destruidores do país, em 21 anos. Ontem foi diferente.

Resposta.

Jussara Ignês dos Santos, desculpe, mas seu texto é primário, precário, desinformado e visivelmente hostil. Eu não prometi nada, apenas comentei os três números do "Charlie" de 14, 21 e 28. (E não 27 como você colocou). Mostrei a ansiedade a respeito da capa desse número, a que todos desejavam sem Maomé. Um amigo ficou de me mandar o exemplar, não mandou, aqui também não se noticiou nada. Quanto ao seu pedido para não repetir outras matérias, escrevo diariamente (com intervalo das ditaduras e da censura) há mais de 70 anos não preciso repetir. 

No Brasil e no mundo, todos que escreveram assiduamente, publicam livros com o que escreveram. Apesar de varias editoras me pedirem, jamais concordei, apesar de ter publicado no mínimo 15 mil artigos e 13 mil colunas. (Faça a conta).

Estou sabendo agora Jussara, que a edição do dia 28 do semanário Charlie, não circulou, não informaram a razão.

E o amigo que ia mandar a edição, comunicou: "Hélio, a edição da próxima quarta. Dia 3, também não sairá". Só explicaram isso.

Foi excelente tua ideia, Juca Soares Neto, lembrar do simpático Canto do Rio. Lamentavelmente esquecido, como tantos outros tidos como "pequenos". Como você cita até a data quando ganhou do Vasco numa final, que tempos.

De passagem e sem o menor aborrecimento. Não sou "Flamengo doente", apesar de ser sócio proprietário há mais de 60 anos, e membro do Conselho Deliberativo. Não tenho comparecido. Depois de ter sido atropelado por uma bicicleta na Lagoa, onde corri por mais de 70 anos, praticamente não posso andar.

Apesar dessa condição, impedi o Flamengo de vender para um supermercado, o terreno ao lado do campo de futebol, na Gávea. Justificativa: o grande Pedro Ernesto, primeiro prefeito eleito do Distrito Federal em 1932, doou terrenos a vários clubes, para "utilização exclusivamente esportiva". Assim o Flamengo não poderia descumprir as determinações do notável prefeito. Continuei no Conselho Democrático.

PS- Renan presidiu pela primeira vez a sessão do senado depois da rendição do Planalto que apoiou sua permanência no cargo. Ao lado dele, empavonado, Eduardo Cunha, presidente da Câmara, eleito sem rendição.

PS2- A chefe da Casa Civil, foi entregar a tradicional mensagem presidencial. Renan anunciou: "Vamos receber a mensagem das mãos do SENADOR Aloizio Mercadante". Senador? Ele não se elege nada desde 2002, já perdeu duas vezes para governador de São Paulo.

Amanhã:

Com a derrota na Câmara, o impeachment, mais perto ou mais distante?
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Nossos leitores podem fazer comentários e se comunicar com os colunistas, através do e-mail: blogheliofernandes@gmail.com
As respostas serão publicadas aqui no rodapé das matérias. (NR).

Helio,
Quanto vale um sorriso? O sorriso por dentro. Aquele sorrir, sorridente, não entre os dentes, mas soltos, de vontade de sorrir sempre. Da sua fã desde a Tribuna impressa. Continue nessa trincheira amigo, seja perseverante sempre. Estaremos por aqui, sorrindo sempre como nos versos de Pablo Neruda.
Ana Beatriz Ferreira  – Nilópolis - RJ
O teu riso

Tira-me o pão, se quiseres,
tira-me o ar, mas não
me tires o teu riso.

Não me tires a rosa,
a lança que desfolhas,
a água que de súbito
brota da tua alegria,
a repentina onda
de prata que em ti nasce.

A minha luta é dura e regresso
com os olhos cansados
às vezes por ver
que a terra não muda,
mas ao entrar teu riso
sobe ao céu a procurar-me
e abre-me todas
as portas da vida.....
...

Ao blog Helio Fernandes.

Prezado jornalista. Escreva mais sobre a morte de Juscelino, naquele trágico e obscuro acidente de automóvel. Depois veio Tancredo Neves (por doença?) e Ulisses Guimarães (sumiu no mar?), até mesmo o ditador Castelo Branco, também num acidente aéreo. Os homens da cúpula da política brasileira, coincidentemente morrem em situações ao menos estranhas. O que acha?

Arnaldo José Sampaio – Rio de Janeiro.



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