Titular: Helio Fernandes

quinta-feira, 1 de outubro de 2015

DERRUBADA A DITADURA DO “ESTADO NOVO”, QUASE 18 ANOS DE ESTRANHA DEMOCRACIA. É UMA EXCELENTE CONSTITUIÇÃO QUE SERIA ASSASSINADA EM 1964, ANTES DE ATINGIR A MAIORIDADE.

01.10.15
HELIO FERNANDES
Publicada em 13.12.14

1943, começa o fim da ditadura.

Os militares não comunistas se revoltaram com essa pseuda ou suposta liberalidade de Vargas. E se dividiram, até ostensivamente. Em 1943 surgiu o “Manifesto dos Mineiros”, com assinatura de grandes personalidades políticas. E com respaldo, velado, de militares, antes “getulistas”. Todos que ocupavam cargos públicos foram detidos acintosamente.

1944, acaba a censura previa, inicialmente um retrocesso.

As redações funcionavam com censores que liam todas as matérias, o que aconteceria também com o golpe de 64. Todas as ditaduras se parecem e se comparam, não há diferença.

O sangue escorre pelas mesmas paredes, provocado pelas mesmas torturas, o importante é que esses fatos não cheguem opinião pública. Esse sempre foi o objetivo da cesura em todos os golpes de todas as ditaduras, crentes e cientes que praticaram assassinatos. Não importava aos ditadores que atingissem amigos, ex-amigos ou inimigos.

O grande jornalista Rubem Braga que escrevia diariamente no “O Jornal”, entregou ao censor (isso era obrigatório) um artigo, com o título, “O fícus da Praça Paris”.

O censor, atropelado com tanta coisa, viu rapidamente, rabiscou uma assinatura, o texto foi autorizado. Só que o jornalista comparava o fícus (uma arvore redonda, baixa) com a bunda de Vargas. Foi um escândalo.

O ditador chamou seu chefe da Casa Civil, Lourival Fontes, homem intelectualmente preparadíssimo mas sem nenhum caráter ou lealdade a ninguém, (nem mesmo ao ditador) e deu a ordem: “mande retirar os censores de todos os jornais. Chame os proprietários (palavra que usou pejorativamente) e diga que agira serão responsáveis por tudo o que for publicado”. E acrescentou: “Não quero conversar com ninguém, você dê as ordens”.

Até piorou muitíssimo, os donos dos jornais, apavorados, eram mais discricionários e autoritários do que os censores. Mas a ditadura do “Estado Novo” estava no fim, Vargas não percebeu. No inicio de 1945 mandou libertar Prestes, que surgiu com a palavra de ordem surpreendente; “Constituinte com Vargas”.

Logo a seguir, num comício no Estádio do Vasco (o Maracanã surgiria cinco anos depois) Prestes ratificou essa posição. Pelas noticias da época, estavam presentes 150 mil pessoas, que lotavam o próprio campo de futebol.

Prestes foi duríssimo com a massa, criticou a todos, reprimenda total: “Vocês abandonaram completamente a luta, só querem saber de geladeira e de um radio maior do que os outros”. Ainda não havia televisão, os rádios eram enormes, aquela multidão chorava sem parar. E Prestes aparentando uma vitória espetacular.
AMANHÃ PARTE - III
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