Titular: Helio Fernandes

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

(REPRISE DAS MATÉRIAS MAIS ACESSADAS)
HELIO FERNANDES
Publicada em 14.04.14

PARTE - II

Em 1945, “cobre” a Constituinte para o Correio da Manhã

Foi quando o conheci e a Juscelino. Lacerda escrevia na segunda página do jornal, com o título: “DA tribuna da imprensa”. Enchia praticamente a página inteira, às vezes sobre política internacional, era uma das suas predileções. Logo depois de promulgada a Constituição deixou o jornal, passou a escrever no Diário Carioca. Não era a primeira vez.

A entrevista com José Américo, derrubou a censura e a ditadura

Em 1943 surgiu o “Manifesto dos Mineiros”, a ditadura embalançou. Mas Vargas reforçou a censura. Em 1944, já criada, (não oficialmente) a UDN, decidiram publicar entrevista com José Américo, homem de grande repercussão, chamado de “vice Rei do Nordeste”. Por que José Américo? É que em 1936, usando Benedito Valadares, Vargas abriu “sua sucessão”, uma farsa, como sempre.

José Américo foi lançado candidato da situação, e Armando Salles de Oliveira, genro do doutor Julio Mesquita e interventor em São Paulo, candidato da oposição. Não houve eleição, claro, surgia a ditadura ostensiva do Estado Novo.

A entrevista, sensacional

Lacerda estava com 30 anos exatos, foi incumbido de fazer a entrevista, que sairia no Diário Carioca. Como é impossível manter segredo, Vargas soube, começou pressão e perseguição colossal contra o jornal. 

Horácio de Carvalho não tinha condições, mas Paulo Bittencourt se apresentou para publicar a entrevista. Foi um estrondo. Vargas sentiu o golpe, mas não “sentiu” que estava no fim. Tentou reagir mas não demorou muito.

Vargas chamou seu Chefe da Casa Civil, Lourival Fontes, um dos homens mais cultos e mais bem preparados intelectualmente, mas sem nenhum caráter, deu a ordem: “Tire os censores das redações e convoque todos os donos de jornais para uma reunião aqui no Catete. Não quero falar com eles, você mesmo, informe: não haverá mais censura, os donos dos jornais serão responsáveis por tudo o que sair. 

“Essa autocensura”, pior do que a ação do lápis vermelho dos censores.

Começa a carreira política fulminante

Em 1947 se candidata a vereador pelo Distrito Federal. Eram 50. O Partido Comunista elegeu 19, o PTB 12 a UDN 11. Os outros 8 divididos entre partidos pequenos. Foi uma Câmara Municipal extraordinária, eu ia lá todos os dias. Que debates, que divergências, nenhuma hostilidade nem acusações, eram alguns dos melhores oradores e uma época do Partido Comunista inteligente.

A cassação do Partidão

Em 1948 o Partido Comunista deixou de existir oficialmente, todos perderam os mandatos. Mas ninguém foi preso. O grande Sobral Pinto, advogado de Prestes em 1936, e depois grande amigo dele, avisou-o com antecedência, foram para a clandestinidade, era o que faziam de melhor.

Lacerda e Adauto Cardoso renunciaram. E confessaram: “Sem os comunistas a Câmara Municipal não tem o menor interesse ou atração”. Um ano depois lançava seu jornal com o título que usava no Correio da Manhã. Começava fase diferente na sua vida.

Lançado nos últimos dias de dezembro de 1949, Lacerda já combatia a volta de Vargas, em outubro de 1950. Um erro total, como os fatos confirmaram. Lacerda e Golbery, grandes amigos até 64, tentaram evitar a posse de Vargas. Este chamou o general Stilac Leal, que presidia o Clube Militar, nomeou-o Ministro da Guerra, foi empossado.

AMANHÃ PARTE - III.
..................................................................................................
.............................................

Nossos leitores podem fazer comentários e se comunicar com os colunistas, através do: e-mail: blogheliofernandes@gmail.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário