Titular: Helio Fernandes

terça-feira, 8 de setembro de 2015

(REPRISE DAS MATÉRIAS MAIS ACESSADAS)
HELIO FERNANDES
Publicada em 14.04.14

Lacerda só pensava na presidência

PARTE FINAL

Sempre acreditou nisso. Mas 1966, 67 e 68, foram tempos da ditadura contra ele. Quando em 13 de dezembro o locutor Alberto Cury começou a ler na televisão, às 8 e meia, o AI-5 miserável e vergonhoso, comecei a me vestir. Não era horário de sair sozinho, Rosinha perguntou onde eu ia, respondi: “Para o jornal”.

Naquela época não havia nem remota indicação de celular, na porta de saída da minha casa, um telefone. Tocou, Rosinha atendeu, passou para mim, “é o Carlos”. Atendi, disse pra ele, “estou saindo, vou ser preso imediatamente, você talvez seja a única pessoa que eu atendesse”.

Ele: “E eu?”. Respondi, “você vai ser preso e será cassado”. Do outro lado, um berro: “Você está acostumado a adivinhar, não serei preso nem cassado”.

Desliguei, fui para o jornal, logo preso. Levado para o Caetano de Farias. Pensei que fosse o primeiro, já encontrei Osvaldo Peralva, editor do Correio da Manhã, grande amigo, passamos a noite conversando.

Pela manhã, às 9 horas chega Lacerda. Me abraça, diz: “Está bem fui preso, você adivinhou uma parte, mas não serei cassado”.

Isso era 15 de dezembro. No dia 30 Lacerda foi cassado, já não estava mais preso. Eu, Peralva e Mario Lago ficamos até 6 de janeiro, Dia de Reis. Os generais são perseguidores, mas também muito católicos.

No dia 2 de janeiro de 1969, Lacerda viajou para a Europa, teve a gentileza de ir se despedir de nós. Não podia deixar de falar: “Não interessa discutir com você, a não ser que não valha adivinhação”. Ficou 3 anos na Europa, mais de 1 ano em Milão.

A volta e a morte com 63 anos

Chegou ao Brasil, ficou enclausurado na Nova Fronteira, Editora que fundara quando vendeu a Tribuna a Nascimento Brito, por 26 milhões de dólares.

A morte fulminante e silenciosa

Num dia de maio de 1977, a uma da tarde, sentiu dor no coração a família levou-o para o hospital. Por volta das seis foram liberados para irem embora, informaram: “O governador dormirá aqui, para observação”. É obrigatório. 

Quando Letícia e os filhos chegaram em casa, já havia recado para voltarem com urgência. Voltaram, já estava morto.

Tudo o que se “engendrou” depois sobre sua morte, a de JK e a de Jango, fantasia. Não que os generais não quisessem se livrar dos três. Mas não tiveram oportunidade de interferir.

Lacerda que tanto quis a presidência, morreu com 63 anos, sem nunca ter estado doente. Dois anos depois, viria a mistificação que chamaram e chamam até hoje de ANISTIA. Que só ANISTIOU os generais.

FIM
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