Titular: Helio Fernandes

terça-feira, 22 de setembro de 2015

RUMO AO CADAFALSO.

FERNANDO CAMARA
22.09.15

Em política, há um ditado que diz “fato, quando cria perna, ninguém segura”. É isso que vivemos hoje. Dia após dia, os adversários do governo vão transformando o impeachment em algo sem volta e de controle duvidoso por parte dos atores encarregados de levar o assunto ao plenário.

O pedido está protocolado. Não há como voltar atrás. Daqui para frente, teremos apenas dois campos em construção. Serão dois blocos, que dividirão a Nação. Vão testar as ruas, as votações da Câmara, os confrontos acalorados nos lares, nos botecos, nos cafezinhos de ambiente de trabalho.

O script está desenhado: ainda que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, determine o arquivamento do pedido de impeachment, qualquer deputado pode levar a questão ao plenário e submetê-la ao desarquivamento. Para desarquivar, basta ter 257 votos. Isso a oposição tem. Para abertura de processo, são necessários 342. Aí, aberto o processo, o assunto vai para o Senado, onde o julgamento é feito sob a presidência do comandante do STF, Ricardo Lewandowski. 

Eduardo Cunha vai esperar mais um tempo antes de tomar essa decisão de arquivar o pedido. Ensinucado, aguardará a repercussão política, sentindo a temperatura das redes sociais, dos jornais, das ruas e do próprio Congresso, onde há dúvidas sobre os 342 contra Dilma,

QUEM GANHA? E QUAL ESSE PRAZO?

A pergunta inquietante aponta para o vice-presidente Michel Temer. Mas se sabe de antemão que, em qualquer resultado o Brasil sofrerá. Quem vier a assumir o poder, terá que tomar medidas duras e impopulares. E nesse contexto, há quem diga: por que não deixar que Dilma tome esses medidas impopulares primeiro? Ninguém quer assumir esse ônus hoje e os tucanos não querem colocar Lula na oposição, reclamando de quem adotar essas medidas. melhor deixá-las, por enquanto, para o PT. E assim, vão cozinhando o partido e a presidente.

Nesse momento, a crise de autoridade tende a se agravar e a presidente continuará muito fraca, apesar de assumir a necessidade da reforma administrativa. A demora entre a decisão de fazer e a prática só deixam mais transparente essa fragilidade presidencial. Não há como agradar a todos os partidos e forças políticas materialmente, e solucionar, ao mesmo tempo, os problemas políticos e econômicos.

SE

Se o João Augusto Henriques colaborar com o Juiz Sérgio Moro... O Congresso irá abalar...

REFORMAS & CORTES

A presidente tenta reagir à chegada do impeachment com uma reforma administrativa e cortes de Ministérios. Porém, durante a campanha eleitoral, provocou e questionou a oposição sobre quais ministérios iriam cortar, lembram? Mais um tema para a série de coisas que Dilma disse que não faria e a realidade a levou a fazer. Dilma precisa de 140 votos de parlamentares contra o impeachment. 512-342=140. Ou 14 ministérios com 10 votos...
Ainda que tenha prometido a reforma, Dilma passa dificuldades para executá-la. 
Kátia Abreu dormiu Chefa da Casa Civil, mas por apenas uma noite. Jader Barbalho enviou avisos de que seu apoio deve ser mais valorizado do que um ministério onde não há pesca.

Como aumentar a Base diminuindo os cargos? Como delegar às bancadas dos partidos a indicação dos ministros? Qual será o destino dos ministros que gozam do título de amigos da presidente? Entre eles Armando Monteiro e Kátia Abreu, Guilherme Afif, Mercadante. Hoje, ela consultará Michel Temer. Tardiamente, Dilma aprendeu a consultar Michel em tudo. Aprendeu, ou simplesmente não há outro jeito de deixar o vice por perto?

E QUANTO A RISCOS INSTITUCIONAIS?

Não se vê isso no momento. As instituições democráticas estão fortes e exercendo o seu papel. Respondendo a todos os episódios da crise, e se fortalecendo.

QUEM QUESTIONARÁ OS PROPÓSITOS DEMOCRÁTICOS DE HÉLIO BICUDO?
"A legitimidade do voto é a base da democracia", disse a presidente, que, em todas as oportunidades acusa o golpe. Assim Dilma está levando o impeachment para a rua.Não ganha nada com isso muito pelo contrário. É apenas mais um de seus equívocos ou pirraças, considerando-se a personalidade e o modus-operandi de sempre.

E OS TUCANOS, HEIM?

O PSDB não assumiu a frente pró-impeachment; apenas ganha tempo respondendo as iniciativas da presidente. O temor dos tucanos é, “a gente ajuda o PMDB e aí vem a Lava Jato e varre o partido. Como ficamos? Com o Lula na oposição?”, perguntava essa semana um integrantes da bancada tucana.

ECONOMIA, A PREOCUPAÇÃO DE TODOS 

Paralelamente, os tucanos acreditam que o momento é grave demais para ficar apenas de observador. Até porque não suportam mais ver o governo lançando um pacote fiscal atrás do outro e sempre de forma atrasada. O Novo Ajuste Fiscal ainda não foi para o Congresso, e desta vez será muito mais difícil ser aprovado, pois o Governo não tem mais a credibilidade da maioria, tampouco o apoio da própria Base.

Quanto à CPMF, esquece. Não há clima político, nem gordura para queimar. Um governo com 7% de popularidade não tem como aprovar essa proposta. E, se não aprovar, não terá mais o que fazer. 

Aí, voltamos ao início dessa análise: O impeachment. Ou seja, virá. Mas ainda temos muito vai-e-vem até lá.

VEJAMOS: 
O ministro Nelson Barbosa disse, na cara dura, que as emendas parlamentares, agora impositivas, serão contadas para o PAC e não combinou com o parlamentares! Resultado: voltou atrás.

Jorge Rachid anunciou que não haverá REFIS. Todas as Santa Casas de Misericórdia quebrarão, juntamente com milhares de pequenas empresas. Resultado: o governo já vislumbrou a hipótese de revisão.

E QUEM FICOU COM AS MEDIDAS?

Desta vez, o PT saiu na frente e disse, através do seu líder na Câmara, que irá encampar. Depois de muito choro do deputado José Guimarães, Lula acertou que irá fazer campanha para o parlamentar, em 2018, Ah! Bom! Ainda que o futuro político de todos, incluindo do País, seja tão incerto como os relógios falsificados da Rua 25 de Março, Lula estará lá.

VETOS SERÃO VOTADOS NA TERÇA-FEIRA

A análise de vetos presidenciais pelo Congresso está marcada para sessão próxima terça-feira (22), a partir das 19h, na Câmara dos Deputados. Na pauta, 32 vetos presidenciais a projetos aprovados pelo Legislativo. Entre eles, o que trata do reajuste do Judiciário, o Fator Previdenciário, três vetos de interesse do Setor de Agropecuária. Serão 32 rounds, 32 batalhas.


Daí, os conselhos a Dilma para adiar a reforma ministerial e anunciar tudo apenas na semana que vem, depois da viagem a Nova York, onde irá participar da abertura da 70ª Assembleia Geral da ONU, em 28 de setembro. Antes, de 25 a 27, há a cúpula global de Desenvolvimento Sustentável, que Dilma também deve estar presente.

Financiamento: O STF restringiu o financiamento de campanha às pessoas físicas. Será a volta com força do caixa 2? Veremos. 

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