Titular: Helio Fernandes

quarta-feira, 7 de outubro de 2015


(REPRISE DAS MATÉRIAS MAIS ACESSADAS)
HELIO FERNANDES
Publicada em 14.04.14

PARTE - III

Os tempos tumultuados

Vargas tomou posse mas não teve um minuto de trégua ou de descanso, e aí não foi por causa de Lacerda. Um ano depois da posse, seu Ministro do Trabalho, João Goulart, dobrou o salário mínimo, foi derrubado por um Manifesto de 69 coronéis. A primeira assinatura era do coronel Amaury Kruel, que teve grande importância.

O suicídio de Vargas

Fato mais importante da República, que nunca foi a dos nossos sonhos, mudou tudo. Mas atingiu até mesmo Lacerda. Assustado, e a conselho de Afonso Arinos se asilou na embaixada de Cuba, cinco anos antes da chegada de Fidel.

A embaixada ficava numa casa pequena na esquina da Avenida Copacabana com Miguel Lemos. Constrangimento rigoroso. O embaixador, paixão por Lacerda, a mulher tinha ódio. Foi para a Europa, ficou um ano, voltou, com a mesma agressividade, agora contra Juscelino.

JK “ajuda” Lacerda

Apesar dos dois golpes de 11 de novembro de 1955, Juscelino consegue se empossar e governar os cinco anos seguidos. Muda a capital em 1960, cria o Estado da Guanabara, marca eleição para 5 de novembro. Lacerda se candidata a governador, se não fosse isso não passaria de mandatos parlamentares. Faz um grande governo, se projeta acima de simples parlamentar.

O golpe de 64

Como já disse exaustivamente, em 1963 com o desfecho no ano seguinte, todos conspiravam: generais, governadores, o próprio ou principalmente Jango. O ano de 63 a partir do referendo de 6 de janeiro, que devolveu todos os poderes a Jango, foi inacreditável. Ninguém sabia o que aconteceria no dia seguinte. Só se soube mesmo a partir de 31 de março, 1º de abril.

Os generais comandaram tudo, eram invencíveis e golpistas, desde que se “apoderaram” e “contaminaram” a República. É possível que os seis governadores mais importantes, todos candidatos a presidente em 1965, tenham dado a impressão de apoiar ou estimular o golpe.

Mas ninguém tinha condições de resistir à ambição e a obsessão pelo poder, publicamente exibida pelos generais.

A Frente Ampla

No início de 1965, Lacerda me disse com ar de lamentação: “O presidente Castelo Branco me chamou e me convidou para embaixador na ONU. Compreendi que não era um convite e sim um veto antecipado a qualquer pretendida candidatura minha a presidente. Recusei na hora”.

Artigo deste repórter, de grande repercussão: “1965, a eleição que não vai haver”. Lacerda disse que era adivinhação

Logo percebi que os golpistas fardados não dariam vez a nenhum civil, principalmente Lacerda. Quando realizei na minha casa (onde moro até hoje) as duas primeiras reuniões, comuniquei e convidei Lacerda. Perguntou: “Quem vai?”.

Falei, o coronel-Ministro da Saúde de Jango, Wilson Fadul, torturadíssimo, o Brigadeiro Teixeira, grande líder da Aeronáutica, o editor Ênio Silveira, tão comunista que seu primeiro filho se chama Miguel Arraes da Silveira, Flávio Rangel, notável jovem que acabara de fazer com Millôr, o maior espetáculo depois do golpe, “Liberdade. Liberdade”, ele me interrompeu, “Eu vou”.

Foi, nenhum deles jamais falara com Lacerda, nem ele conhecia nenhum dos outros. Mas foram quatro horas de conversa que depois se desdobram com Jango e JK, Brizola se recusou.

Sumarizando

O golpe e a tomada do Poder, em 1º de abril de 64, já em 1965 Lacerda recusava ser embaixador na ONU, participava de reencontros com adversários. Todos perseguidos pela ditadura, como podem dar tanta ênfase e importância à sua participação no golpe?

AMANHÃ A ÚLTIMA PARTE.
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