Titular: Helio Fernandes

terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Dilma, pejorativamente incompetente. Lula, vergonhosamente complacente.

HELIO FERNANDES

Juntos ou separados, são e serão para sempre inesquecíveis. Mas apesar das falhas, dos erros, dos equívocos, poderiam ter construído alguma coisa solida, respeitável, até mesmo duradoura. Mas deveriam aproveitar a conquista do poder, depois de três derrotas presidenciais, (fato único e inédito no mundo ocidental) para modelar ou remodelar o sistema político. Alem das falhas e equívocos humanos, a impossibilidade de governar e construir, está no sistema político capenga, caótico, confuso, que não é nem Presidencialismo nem Parlamentarismo. O que chamam de presidencialismo pluripartidário, está aí, visível e fracassado. De vários lados falam em Parlamentarismo de ocasião, para favorecer alguém ou alguns.

Citam o sistema da França.

Mas recomendam o que não existe, nem sabem que depois da Segunda Guerra, a França esteve á beira da falência econômica e com uma guerra civil iminente por causa da tentativa de Independência da Argélia, sempre colônia da França. De 1945, fim da Segunda Guerra até 1958, o país insistiu no modelo anterior, completamente fracassado. O Primeiro Ministro não durava 1 ano , até mesmo De Gaulle renunciou , foi para o seu retiro em Colombey le deus eglise.

Lógico, a França vinha de uma derrota humilhante. O ex-Primeiro Ministro comunista, Pierre Laval, foi enforcado. O herói da Primeira Guerra, Marechal Petain, se transformou em traidor, foi condenado á morte. Morreu antes. Erros pessoais atingiram o país. Quando a Alemanha se entregou e Berlim foi ocupada, apenas tropas da Inglaterra União Soviética e EUA. A França foi esquecida e humilhada.  

De Gaulle salva a França.

Em 1958, todas as forças políticas se convenceram: era preciso união nacional. Mas com quem, se perguntavam. Gostando ou não gostando, amigos e inimigos vinham com a mesma resposta: De Gaulle. Marcaram o encontro, foram ao seu retiro, confessaram sem orgulho, arrogância ou humilhação. O general disse que estava á disposição. Acrescentando: "Mas o problema não é apenas pessoal, é principalmente político". Concordaram, De Gaulle foi enumerando os itens.

1-Temos que inverter a hierarquia dos Poderes. O Presidente será eleito pelo voto direto. Serei o candidato.  2-O presidente eleito indicará o Primeiro Ministro. 3 - O Primeiro Ministro terá poderes, mas não acima do Presidente. 4 - Se ninguém obtiver maioria absoluta, haverá nova disputa entre os dois mais votados. 5 -Surgia no mundo o segundo turno, que na França se chamou e se chama de Ballotage. Hoje seguido por inúmeros países 

Tudo acertado, foi realizada a primeira eleição, nesse sistema em 1960. O adversário foi o socialista Miterrand, resistiu o Maximo, não queria enfrentar De Gaulle, respeitava sua posição na guerra. Obrigado a disputar, teve 42 por cento dos votos, De Gaulle 47. No segundo turno, De Gaulle acumulou 54 por cento, Mitterrand 46. Houve nova eleição em 1967, O mandato era de 7 anos (agora é de 5), Mitterrand não admitiu outra candidatura.

De Gaulle fez tudo o que precisava fazer, incluindo a Independência da Argélia. Mesmo sabendo que a Argélia se transformaria num país comunista. O que aconteceu, com a posse do "camarada" Boumediene. 

No Brasil a situação é completamente diferente.

Não temos nem o fato definido, precisamos esperar a votação do impeachment ou cassação pelo TSE. Sobre o impeachment, nenhuma duvida, não será aprovado. No TSE, com todas as duvidas é preciso esperar. Mas enquanto esperamos, não podemos fugir da obvia constatação: outro mandato para Dona Dilma, seria a tragédia anunciada .O que fazer ?

Duas providencias, que se transformariam em solução, 1- Reforma política, com um sistema definido, que não exigiriam ou permitiriam que o país virasse um balcão de negócios. Ou como se chama ostensivamente, o troca-troca "partidário presidencial".

2- Um governo de união nacional, com projetos de realizações nacional. O que não está na nossa cultura, e hoje então, está fora da ética, da estética, da genética. Dessa forma, como não haverá impeachment, Dona Dilma continuará na perda de tempo que já desperdiçou 5 anos. Como acreditar ou imaginar que súbita e inesperadamente, Dona Dilma compreenda que cuidar de inflação, juro, desemprego, divida, cambio, façam parte da arte de governar? Se não aprendeu até agora como esperar, que nesse 2016 que nem começou e já foi embora, aprenda alguma coisa nos dois anos que lhe restam? O que sobrar de 2016, será devorado na guerra suja do impeachment, ou na luta de bastidores pela eleição municipal.  

Portanto, a simples aritmética deixou isolados e desolados, 2017 e 2018. Os últimos no calendário petista e não mais lulista, E sem a menor esperança, otimismo, ou a crença de que alguma novidade possa surgir da eleição de 2018 e a posse de 2019. Nada do que venho escrevendo, pode ser considerado pessimismo, é apenas o reconhecimento de que a partir de 2018 com o comando assumido em 2019, é impossível surgir um personagem que não esteja enlameado, não apenas pela Lava Jato, ou pela própria vida que exibiram.

Como o Brasil jamais recebeu um Premio Nobel, poderia ganhar o da Generosidade, se algum personagem merecesse.
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