Surpreendente:
a sucessão presidencial de 2018 começa pela Prefeitura do Rio, em 2016
HELIO FERNANDES
Excluidas
as anomalias, excentricidades e a profundidade da Lava jato, os caminhos
eleitorais de 2016 e 2018 estão sendo traçados e começa a tentativa multipla de
ocupa -los. Mas os nomes que surgem nada a ver com Lula, Marina, Aécio, talvez
Alckmin e Serra. Abertamente os supostos e presumíveis candidatos pretendem
ou até disputam a Prefeitura. Eduardo Paes, prefeito reeleito do Rio, que era
tido e havido como invencível para governador em 2018, não mudou o calendário e
o futuro, apenas acelerou a ambição e a pretensão.
Tudo o
que está acontecendo aqui e agora, começou com uma armadilha montada por
Eduardo Cunha. Eleito presidente da Câmara, sua próxima pretensão era o
governo do Estado do Rio. Ainda não ocupava as manchetes de jornais e
televisões como beneficiário dos mais aviltantes atos de corrupção.
Espertissimo(?), tendo a candidatura Paes como a mais obvia e
invencível concorrência, lançou o nome dele como presidenciável para 2018. Paes
aceitou entusiasmado e não cogitou de outra coisa: eleger seu sucessor.
O nome já
estava escolhido, o Secretario Pedro Paulo, intimissimo do Prefeito e da mesma
coudelaria, o PMDB. Mas como na política e no plano eleitoral, o tempo é mais
importante do que o espaço, o candidato violentou o dois, inesperadamente
passou a ocupar manchetes negativas e inaceitáveis. Só Eduardo Paes não aceitou
a nova situação, manteve o secretario como candidato. Mesmo com o veto total do
enorme eleitorado feminino. Modificação completa, com a Prefeitura ganhando
status de pré-presidencial.
O
primeiro a mergulhar na realidade do lamaçal, foi o próprio Cunha que tenta
manter o mandato de deputado, o de Presidente da Câmara já devia ter perdido ha
muito tempo. Começou então a briga surrealista. Os que estavam nos
bastidores começaram a "aparecer", como é o caso do
ex-governador Sergio Cabral que tenta reconstruir a carreira,
precisamente como governador. Dentro do mesmo PMDB havia
outro candidato potencial, Carlos Roberto Osório, Secretario Estadual de
Transporte, antigo grande amigo do prefeito.
Só que
este não respeita nada e fez uma jogada inacreditável. Sujissima, atingindo ele
mesmo, Prefeito e mais interessado no sucesso da Olimpíada. Com estardalhaço
comunicou publicamente: "Dificilmente a linha 4 do metrô ficará
pronta para os jogos". È importantissima. As consequências surgiram
logo. O governador respondeu: "90 por cento das obras estão
prontas". Carlos Roberto foi mais longe: deixou imediatamente o PMDB, se demitiu
da Secretaria, mudou de partido. Tudo num movimento só. Conversou com o deputado
Otavio Leite, o único que se elege e se reelege pelo PSDB do Rio.
Foi a
Brasília, encontro com a cúpula do PSDB. Recebeu do presidente nacional do
PSDB, Aécio Neves, a garantia de que o partido terá candidato próprio á prefeitura.
Isso é quase uma indicação. Para o surpreendido Eduardo Paes sobrou uma
inesperada conversa de 3 horas, com Pedro Paulo. Mas tudo incerto, dos
dois lados.
A prisão de João Santana e da mulher, assusta e
preocupa o Planalto
Apesar
deles não estarem no Brasil, Dona Dilma sentiu o golpe. No julgamento do
mensalão tentaram o enquadramento de marqueteiros, principalmente um que
recebeu 10 milhões de dólares. Surpreendentemente inocentado e
autorizado a ir buscar o dinheiro em Portugal. Agora determinaram a prisão do profissional
poderoso que dirigiu as campanhas de Lula e Dilma.
Santana e
a mulher (sócia e dirigente), devem responder por 5 acusações, corrupção
, lavagem de dinheiro, até falsidade ideológica. Mas não precisavam ficar
tão assustados aqui, lá fora reagiram corretamente. Estão trabalhando na
Republica Dominicana, souberam do fato, declararam: "Assim que recebermos
a comunicação oficial, pegaremos um avião e nos entregaremos ás
autoridades". Podem chegar a qualquer momento. Descem no
Galeão, tomam outro avião para Curitiba .
A euforia de Aécio Neves
Ontem,
segunda feira, ninguém estava mais satisfeito do que o presidente do PSDB. Já
se julgava no Planalto e no Alvorada. Disse aos senadores Serra e Aloizio Nunes
Ferreira: "Estou juntando esses documentos para entregar ao TSE ainda hoje
segunda ou na terça. Quero pedir que acelerem o processo". O que é que Aécio
chama de acelerar? A Ministra-relatora ainda não terminou. Votará contra
a cassação, o que já fez no processo que foi arquivado .
Este repórter,
desde fevereiro de 2015 tem analise irrefutável, em dois pontos.1- Não
haverá impeachment. 2- Se houver alteração institucional terá que ser pelo
TSE. Mas por enquanto, chego sempre a 3 a 3. Não consigo decifrar o voto
de um Ministro. Mas como irá demorar, mudanças não serão surpreendentes.
Delcídio provocou decepção geral
Não
apareceu no Senado, como se esperava. Preferiu ficar em casa, quer dizer no
hotel enorme onde mora. Como a "Ordem do dia "começa ás 16 horas, ás
15, assessores anunciaram que ele não iria. Também não comparecerá hoje, terça.
Isso faz parte de uma estratégia: deixa a presidência da Comissão mas não perde
o mandato. Exatamente o que fez Renan em 2007. A reunião da
Comissão de Ética está marcada para amanhã, quarta feira. Mas um adiamento,
nada surpreendente.
O que
está sendo cogitado e até já inicialmente conversado, é um acordo sem vencidos
nem vencedores. Delcídio já definiu as coisas ao revelar: "Quando citei
falsamente ministros do Supremo, não cometi crime, era apenas bravata". Os
dois grandes dicionaristas, Aurélio e Houaiss, não registraram , mas bravata é
sinônimo de constrangimento, irresponsabilidade, desprezo pela comunidade.
r
Operação Acarajé
O dia foi
todo da Lava-jato. Começou ás 6 da manhã, atravessou a tarde, entrou pela
noite. Mas os resultados foram mais do que satisfatórios. O juiz Sergio Moro
mandou bloquear 25 milhões de João Santana e outros 25 milhões da mulher. O
primeiro bloqueio concretizado, o segundo ainda não. As suspeitas sobre
depósitos: João Santana teria recebido entre 80 e 90 milhões de reais da
campanha de reeleição de Dona Dilma.
Mais de
um terço fornecido pela Odebrecht, tudo com "cheiro" do combustível
da Petrobras. Não é muito, sabendo-se que foram investidos, perdão, gastos, 400
milhões. Como o governo tem repetido e reiterou ontem: "Dinheiro limpo,
autêntico. legitimo". Não esquecer que João Santana comandou as três últimas
campanhas do PT. Esses supostos ou garantidos 80 ou 90 milhões, só da
ultima.
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