Titular: Helio Fernandes

quinta-feira, 24 de março de 2016

Ha 1 ano, Marcelo Odebrecht dizia: "Não faço delação, não entrego ninguém, não sou dedo duro". Depois do depoimento da secretaria, procurou a PM e MP, mudou completamente de ideia, procurou a PM e o MP, fez a proposta: "Contarei coisas que vocês nem imaginam". Estão se acertando.

HELIO FERNANDES

Ninguém imaginava que num ambiente dominado por delações, confidencias, delações, documentos apreendidos em centenas de "buscas e apreensões", ainda sobrasse tanta coisa. A grande descoberta dos últimos tempos, que surpreendeu a todos, foi a secretaria Maria Lucia Tavares. Alem de secretaria, ela controlava o que era chamado internamente de "departamento da propina". Tudo passava por ela.

Quando foi contatada, e concordou com a colaboração, o caminhão de documentos que apresentou, surpreendeu e assustou os próprios profissionais da investigação.

Só fez um pedido, logo aceito, depois referendado diante da montanha de informações e o caminhão de documentos: “Não faço delação, não fico presa, entrego tudo, explico ponto por ponto, nunca mais sou procurada, vou viver a minha vida". Não queriam outra coisa, decodificou tudo, tirou todas as duvidas da PM, foram três dias de conversa franca, nenhum comprometimento, nenhum aproveitamento pessoal, nenhum favorecimento. 

Era alta funcionaria, cumpria ordens, não tinha compromisso de proteger alguém. A Odebrecht, para ela, é um ponto no passado, agora o que existe é o presente e o futuro, livre e desembaraçada.

Seu depoimento teve efeito totalmente contraditório e destruidor para Marcelo Odebrecht. Assim que soube que Maria Lucia conversara com a PM e o MP, e fizera depoimento avassalador, falou para o seu segundo, preso com ele: "Vou mudar completamente de posição. Não quero ficar como o tesoureiro do mensalão, condenado há 40 anos”.

“Vou contar o que sei, não quero pegar um dia de cadeia, já basta o tempo que fiquei aqui". Pediu imediatamente contato - conversa com os investigadores. Não encontrou muita receptividade, disseram para ele: "Você tem que nos surpreender, sabemos tanto, que é praticamente impossível que você acrescente alguma coisa".

Não se abalou, respondeu: "Eu sei o que vou contar, os documentos que vou mostrar, personagens poderosos citados pela primeira vez. Em troca fico livre, deixo a direção da empresa, vou viver na Europa e nos EUA, longe de negócios. A empresa já fez acordo de leniência com o governo,ela sobreviverá sem mim". Não custa lembrar: ha meses Marcelo liberou todos os diretores e altos funcionários a fazerem delação, até recomendou que fizessem. Ressalvou e ressaltou: "Eu não farei, vocês estão livres". Está fazendo, trocou o nome de "delação premiada" para "colaboração definitiva".

Se quiser, Marcelo pode começar pelo financiamento da construção da Arena do Corinthians, que ele, Lula e este repórter conhecem tão bem. (Contei aqui mesmo, ano passado). A Odebrecht ia levantar o estádio, faltava o dinheiro. Estava previsto que custaria 400 milhões. Frederico Barbosa, importantíssimo, procurou a direção do Banco do Brasil, conversaram, pediram as garantias.

O homem da Odebrecht levou quase 1 mês, entregou as garantias, não foram aceitas, precisavam de reforço, não existia. Frederico falou com Odebrecht. Este ligou para Lula, que acionou Luciano Coutinho, do BNDES. Textual: "Vai ai um bom amigo, precisa de 400 milhões para a construção do estádio do Corinthians". Foi, resolveu, conseguiu o empréstimo - financiamento, com juros de 4 por cento, já valia 9. Acreditei que isso surgiria na CPI do BNDES. Não quiseram aborrecer Luciano. Depois desse inicio, Marcelo pode contar o resto.

Obama hoje na Argentina, data histórica e sangrenta

Ha 40 anos, o general Videla começava o mais terrível golpe da America do Sul. Não sei se foi planejado ou premeditado, ou simples coincidência. Durou apenas 7 anos, assassinou milhares, foi mais terrível do que no Brasil ou no Chile. Mas todos os generais foram punidos, Videla, condenado á prisão perpetua, morreu numa cela de 3 por 4, merecidamente. Em 1978, fui cobrir a Copa do Mundo lá, tive contatos com resistentes, principalmente as "mães da Praça de Maio", heróicas, que tiveram os filhos roubados.

Num outro plano, o registro: ha menos de três meses no poder, Macri, que derrotou a dinastia Kirchner tem conseguido muita coisa. Incluindo a visita do presidente dos EUA. È que a ex-presidente atacava muito os EUA, Obama não se  importava mas não retribuía em ajuda.

Dilma: "Não renunciarei, mas eles não passarão”

Anteontem aproveitando a presença dos advogados e juristas que assumiram sua defesa, improvisou comício no Planalto. Mais de 120 pessoas, eufórica e entusiasma, Dilma falou varias vezes. Durou mais de 3 horas. Disse o que coloquei no titulo, e lembrou (sem citar o nome) da frase da lendária "passionaria" grande resistente á ditadura de Franco. A satisfação acabou em menos de 24 horas. Surgiu o primeiro relato, que envolve e atinge 18 partidos e praticamente 200 políticos. Atribuído a Marcelo Odebrecht, mas pode ser de varias fontes.

Do Planalto e do Alvorada, enorme apreensão. Mas depois uma suposta satisfação. Desses supostos 18 partidos, logicamente muitos da oposição. Logo isso se espalhava, e se confirmava o informe ainda não informação, de que muita gente que combate a presidente, e luta pelo impeachment, completa esse numero elevado. Mas tudo é duvida, incerteza, nenhuma segurança a respeito da votação no plenário.

Zavascki - Moro

Na sexta feira, quando Gilmar Mendes deu seu voto-libelo contra Lula w Zavascki não estava em Brasília e sim em Ribeirão Preto, foi receber um titulo de cidadão. Pouco antes, numa conferencia, afirmou: "O juiz não deve criar problemas e sim procurar soluções". Comentei: o personagem oculto da frase é o juiz Sergio Moro. Na primeira oportunidade, confirmou minha observação.

Recebendo um recurso dos advogados de Lula, decidiu contrariamente ao voto de Gilmar, nada ilegítimo. Mas a fundamentação absurda. Zavascki determinou que Curitiba mandasse para Brasília, tudo que se referia a Lula. Nenhum dos dois tinha poder de execução, mas  Zavascki deu ordem e prazo para a devolução. Polêmico, autoritário, acabou desgastando o juiz que está cumprindo integralmente seu dever.

Foi criticadissimo, só o plenário do Supremo pode tomar decisões definitivas. Isso está marcado para o dia 30, próxima quarta. Gilmar está em Portugal, num seminário que organizou, volta segunda. Temer também foi, volta domingo. Tem que estar aqui, para a convenção do PMDB e de sua "candidatura", na terça 29.

Novo pedido de impeachment

A OAB Nacional está entrando com o segundo impeachment. Depois de muitos estudos e consulta a juristas, concluíram. Não é obrigatório apenas um processo contra o presidente. Para estabelecer a diferença apresentaram três motivos. 1- As "pedaladas" fiscais. 2- As concessões e as isenções financeiras inconstitucionais, concedidas a FIFA, em 2014. 3- A nomeação do ex-presidente Lula para Ministro, apenas para conceder a um amigo, foro privilegiado e livrá-lo de eventual prisão.

A OAB quer que o novo impeachment corra separado do outro. Por isso apresentaram motivos diferentes. Serão mais 65 deputados titulares e outros 65 suplentes. Cabe ao corrupto Eduardo Cunha decidir. Se recusar, a OAB entrará com recurso no Supremo.

PS- O histriônico e exibicionista deputado Julio Lopes, gritou na Comissão de impeachment: "Fico horrorizado quando ouço alguém dizer presidentA". Se estudasse um pouco, saberia que com a ou e no final, sempre a mesma coisa. 


PS2- Devia saber que os moradores de Santa Tereza ficam horrorizados ouvindo seu nome. Quando era secretario de Transportes, houve a catástrofe dos bondes clássicos do bairro, com mortes e sem que os bondes voltassem.  
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