Titular: Helio Fernandes

domingo, 17 de abril de 2016

Editoria: Helio Fernandes. Subeditoria: Roberto Monteiro Pinho
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Domingo: Especial impeachment 

As mordomias, os palácios para todos, influenciam o impeachment
Hoje 12:51

HELIO FERNANDES

(...) No sábado, fiz meus últimos contatos ás 11 da noite. Estavam mentindo muito. Falei com um deputado a favor do impeachment, mas cauteloso. “Vamos ganhar, temos entre 346 e 357 votos".

Com o televisamento diário, fiquei conhecendo e impressionado com o Jaburu, residência oficial do vice Presidente da Republica. Não é uma residência, é um palácio, jardins maravilhosos, como a Casa Branca, a parte administrativa e a residencial, inteiramente separadas. A de trabalho tem 134 salas. (Quando viajei com Juscelino, como presidente eleito e ainda não empossado, visitamos toda a Casa Branca. Ficamos na Blair House, em frente, na Avenida Roosevelt, era só para convidados.

Em Brasília Ministros sem a menor importância, com casas suntuosas. Até o da Previdência Social. Em bairro nobre vai da entrada, atravessando salões e chegando ao Paranoá. E mais Casa Civil, muitos outros, alem do Presidente da Câmara, do Senado.

No Rio capital, só o presidente da Republica. Trabalhava no Catete, morava no Guanabara. Em 1940 o ditador sofreu grave atentado na Rio Petrópolis, morreu seu Ajudante de Ordens. (Até os biógrafos escondem o fato, tratam como "acidente") Com ligeira dificuldade de andar, abandonou o Guanabara, passou a morar no Catete, bastante confortável. Para acabar a citação desse luxo despudorado, façamos a comparação de como vivia o vice Café Filho e Michel Temer no fantástico Jaburu.

Eleito deputado federal, Café Filho comprou um apartamento na Avenida Copacabana, quase esquina de Joaquim Nabuco. Antigo, sem portaria, você entrava por um restaurante popular e um cabeleireiro. Em 1950, feito vice de Vargas, continuou morando ali. Depois de 1 ano e três meses de presidente, afastado pelo Supremo em dezembro de 1955, voltou a morar lá. Isso é muito importante, Brasília não tem povo.

Voltemos para o dia-a-dia deste domingo, haja o que houver. Tudo comandado por Eduardo Cunha. No sábado só foi para a casa oficial ás 9 da noite, depois de estabelecer que os oradores precisavam reduzir o tempo na tribuna. Foi atendido, lógico. A sessão, prevista para acabar entre 11 da manhã e meio dia, terminou ás 6, com o sol aparecendo. 

No sábado, fiz meus últimos contatos ás 11 da noite. Estavam mentindo muito. Falei com um deputado a favor do impeachment, mas cauteloso. “Vamos ganhar, temos entre 346 e 357 votos".

Com a possibilidade bem visível da aprovação pela Câmara, ouvi dois senadores. Participantes, votarão pelo impeachment, mas não são golpistas. Textual: "O senado tem os 41 votos para começar a avaliação. Não sei se tem os 54 para tirar a presidência de Dilma e entregar ao vice". Falou o outro senador: "Vivi e votei o impeachment de Collor, nada a ver. Collor foi afastado por causa da imprudência e da terrível entrevista-denúncia do irmão. 

Agora é diferente, não gostaria de votar este, por uma razão. O que acontecer depois dos 54 votos, será um caos maior do que agora". Parou, como falava em sigilo, disse com toda a liberdade: "Votarei no impeachment, não por convicção e sim por circunstancias.

Não tenho a menor confiança no Temer, no seu governo, no que gosta de chamar de notáveis, nada disso é importante. Seu primeiro grande problema o que fazer com Eduardo Cunha. Se for mantido no cargo, Temer não poderá andar na rua. Como contribuir para cassá-lo, se o grande aglutinador de votos pró-impeachment foi ele.

Por enquanto tudo é expectativa. Principalmente sobre as manifestações. Brasília, que na mais concorrida teve 100 mil pessoas, hoje deverá reunir 300 mil. Rio e São Paulo também devem bater recordes. Sem falar nos outros estados. Mas nada disso terá importância na votação. Poderá influir no "depois", mas não no "hoje".

PS- A ultima sessão começará exatamente ás 2 da tarde. A votação será iniciada ás 5. Se comparecerem todos os 513, e como o calculo é de 30 segundo para cada um mais ou menos 180 minutos, 3 horas. Normalmente a partir de 8 da noite, poderá ser conhecido o resultado. Temer e Dilma, dizem, que vitoriosos, só falarão amanhã. Como confiar neles?


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