Titular: Helio Fernandes

segunda-feira, 11 de abril de 2016

De hoje ao dia 20, 10 dias que abalarão o Brasil. Com impeachment ou sem impeachment, nem segurança, recuperação, crescimento

HELIO FERNANDES

Imprevisibilidade, deve ser a palavra mais utilizada para tentar desvendar o que acontecerá nos próximos dias. Os dois, personagens principais da catástrofe que desabou sobre o país, têm características semelhantes, do ponto de vista político e eleitoral. Falo naturalmente de Dilma Roussef e Michel Temer. Politicamente nunca tiveram liderança. Eleitoralmente não significam nada. A primeira eleição "disputada" por ela, surpreendentemente foi para presidente da Republica. De cartas marcadas, indicada pelo presidente no cargo, e garantida pela maquina do poder.

Ele sempre disputou eleições unicamente para deputado federal, sem nenhuma importância junto ao eleitor. Uma vez, o PMDB elegeu 28 deputados em São Paulo, foi o primeiro suplente, na lista, o numero 29. Excelente manobrador de bastidores, assumiu logo. Numa outra oportunidade, espantosamente foi "feito" presidente da Câmara, apesar de todos saberem que era suplente em exercício. Idéia, ação e realização de Renan Calheiros, hoje hostilizado por Temer. Com esse passado medíocre, Dilma e Temer estão no centro dos acontecimentos no presente, e querem se manter no futuro.

Ha 5 anos vice sem voto, sem urna, sem povo, Temer pretende a promoção sem nenhuma proximidade da eleição. Dilma apesar da incompetência, considera que seu mandato vai até 2018, não admite de forma alguma interrupção. Qualquer que seja a forma ou a formula. Considera,afirma, repete e reafirma: "Tive 54 milhões de votos dados pelo povo". Esquece que os eleitores inscritos, eram 137 milhões, portanto 83 milhões não votaram nela. Idem, idem para o "jovem presidenciável" Aécio Neves, 87 milhões nem lembraram dele.Quanto a Temer, não teve nenhum voto, é da essência do cargo de vice, por isso a sua escolha.

Dilma grita, retumba e repete: "Não renunciarei. "Se conhecesse historia, lembraria do que aconteceu com Nixon, insistiu na palavra, foi para casa 2 anos e meio antes. Temer, o vice conspirador, como quase todos no Brasil,  (com exceção de Marco Maciel, 8 anos em silencio, sem perturbar a ambição do efetivo) diz abertamente: "Tenho todas as condições de ocupar o cargo". Tinha ou teria, antes de começar a conspiração, com a carta pirotécnica em que se revelava "vice decorativo". Essa carta marca o limite divisório entre o vice que aguardava a substituição obrigatória, e o vice que não respeita coisa alguma, quer forçar a própria ascensão.

A deteorização de Temer, e o desgaste de Aécio, podem favorecer a presidente

O impressionante fracasso do desembarque do PMDB do governo, e a incompetente analise do "efeito manada", que não aconteceu, levaram Temer a mudar completamente de estratégia. De silencioso ocupante do Jaburu, passou a saltitante articulador, palavra muito próxima de conspirador. Acusava Dilma de fazer "troca-troca" com cargos e ministérios, não sentiu constrangimento de ir á casa de Waldemar Costa Netto, arrecadar votos, oferecendo recompensas num governo que ainda não "conquistou". Cito apenas o símbolo negativo de tudo, Waldemar Costa Netto, mas procurou muitos outros.

A possível e provável denuncia de Aécio Neves, por ter sido citado pelos executivos da Andrade Gutierrez, outro desastre para seu aliado Temer. O procurador Geral da Republica, disse publicamente: "Vou pedir ao Supremo a investigação das contas de campanha do candidato do PSDB". Nada surpreendente. Ha meses Dilma reconheceu: "minha campanha custou 400 milhões, tudo doação legitima, declarada e aprovada pelo TSE". Ela também será denunciada pelo Procurador Geral.

Se a campanha dela custou 400 milhões, (a empreiteira chega a falar em 700 milhões) por que a de Aécio Neves seria diferente? Provavelmente custou bastante, e os "financiadores", as mesmas empreiteiras. No petrolão foram 11, apenas as duas maiores, estão abrindo a "caixa preta" da campanha eleitoral. O Supremo já decidiu por 8 a 2, um presidente da Republica pode ser investigado e julgado pelo mais alto tribunal do país. Sumula e resumo do voto do decano Celso de Mello: "A presidente Dilma não está sendo investigada, espero que não esteja. Mas se estiver, é aqui, neste tribunal, que será julgada". Se um presidente pode ser investigado e julgado pelo Supremo, por que um senador não pode?

Tudo isso complica e tumultua o processo do impeachment. Ainda mais coordenado e comandado pelo corrupto Eduardo Cunha. Réu por unanimidade no Supremo, retardando ilimitadamente o próprio processo de cassação, ha seis meses no Conselho de Ética, quando o prazo normal seria de 1 mês no máximo. A impunidade do Presidente da Câmara, decorre da proteção dada a ele por Aécio e Temer, que respondem pelo PSDB e PMDB. Nas manifestações contra e a favor do impeachment, aparecem sempre às faixas pedindo a cassação de Cunha. Precisam pedir a Aécio e Temer.

Hoje, a votação do primeiro tempo do impeachment

Não passa desta segunda. Falta apenas decidir a seqüência dos 65 deputados, quem vota em primeiro lugar e os que ficam por ultimo. Temem influencia dos que revelam sua decisão antes. Tolice. Os 65 deputados sabem muito bem como votarão todos os outros. E não apenas do próprio partido. Apesar disso, conversei com deputados a favor do impeachment e contra. Os oposicionistas me falavam: "Temos 39 votos certos e 1 duvidoso". Os que estão contra o impeachment: "Garantimos 33 ou 34 votos". Somando, 72 ou 73, muito mais do que os 65. Não querem me enganar, as conversas são em sigilo. Mas não acredito que estejam em duvida, à incerteza é ate natural.

Como tenho revelado, o resultado da Comissão, nada a ver com o do plenário. São apenas 65, que não servirão de plataforma para 513. Aqui, a presidente fez avanço, visível e conseqüência da perda de substancia da suposta oposição. Pesquisas martelando a semana inteira de Institutos, manchetes de jornais, previsões de comentaristas de televisão, não passam de 60 por cento dos votos a favor do impeachment. Ora, 60 por cento de 513 dão 306. Ficam faltando 36. Fizeram também levantamento dos que estão contra o impeachment. Encontraram 33 por cento. O que dá um total de 171, faltaria apenas 1.  Mas se o "a favor " não chegar a 342, o "contra" deixa de ter qualquer importância. Ou necessidade de chegar a um numero determinado.

O domínio de Cunha

Anteontem, determinou: "Os jornalistas não poderão entrar no plenário, nos dias de votação". Absurdo completo, quem irá informar á opinião publica? Os protestos, enormes, levaram a modificação. Liberou o plenário para 15 representantes de todos os veículos. Continuou a prepotência. Mas não terminaram os protestos. Jornalista tem que estar onde está a notícia.

PS- Haja o que houver, com ou sem impeachment, pode se aplicar a definição clássica e histórica: v"Depois de tudo o dilúvio". Dilma continuando, Temer assumindo, estaremos longe da solução.

PS2- O TSE tem que admitir a enorme responsabilidade em tudo o que está acontecendo. E compreender que cassando a chapa, assumirá o papel de personagem principal nos acontecimentos. 

PS3- Marcará eleição direta dentro de 60 dias, muito melhor do que tudo o que estão imaginando ou conspirando. Mas tem que ser agora, no máximo em 60 dias. O processo já está com relator ha quase 3 meses, por que esperar até o fim do ano? 

PS4- A eleição será presidida pelo Presidente do Supremo. O presidente da Câmara e do Senado, voluntariamente já se colocaram fora da hierarquia da sucessão.
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