Titular: Helio Fernandes

sábado, 16 de abril de 2016

Editoria: Helio Fernandes. Subeditoria: Roberto Monteiro Pinho
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Na madrugada, o Supremo considerou legitimo o impeachment, que será votado amanhã, num clima de corrupção e conspiração
HELIO FERNANDES

O brilhante Advogado Geral da União, cometeu erro tremendo. Não deu importância ao tempo e á oportunidade do recurso. Ha 16 dias, quando foi pela primeira vez á Comissão Especial, afirmou: "Entrarei no Supremo contra a validade do processo do impeachment". Naquela hora, talvez tivesse ganhado.

Mas só confirmando sua palavra na quinta feira bem tarde, provocando uma reunião extraordinária do Supremo, que roubou mais de duas horas da nascente (pelo menos no relógio) madrugada de sexta, não tinha a menor chance. Ainda obteve dois votos, acredito que não esperava.

Dois Ministros influentes já disseram varias vezes: "Quando voto, não penso no povo. Nem o que ele espera". Na véspera da votação, dificílima ou inexistente a esperança de um voto inteiramente desvinculado da realidade. Principalmente num momento inacreditável de crise como o que vivemos.

Por mais que erre ou vote mal, não se pode desprezar o povo. O extraordinário articulista e polemista que foi J.E. de Macedo Soares, inesquecível: "A ultima palavra é sempre da patuléia vil e ignara das ruas". E isso numa época em que só existia o jornal impresso.

Imaginem hoje, com a revolução da tecnologia, tão importante quanto à revolução industrial da Inglaterra em 1780. As duas mudando o mundo.Internet, celular, sessões do Supremo televisadas por 5 ,6, 8 horas, sem interrupção, que maravilha viver.A perda de tempo de sexta, ontem, de sábado, hoje, inócua, inútil, inexpressiva.

Ninguém vai ganhar ou perder voto por causa desses discursos vagos e vazios, principalmente de convicções. Os votos são obtidos nas reuniões arquitetadas por Temer, concretizadas ou engenhadas por Romero Jucá. Fotos de gente do PSDB entrando ou saindo, tanto faz, no gabinete deles, não podem ser desmentidas.

Dilma também não para. Só que usa cargos diversos. Anteontem e ontem, nomeação do superintendente da Conab, do presidente da EMBRATUR, conselheiro da Itaipu. E a desnomeação de 4 ministros, para poderem votar amanhã. Significa que tem esperanças, admite que possa chegar aos 172 votos, os adversários não acumularão os 342 indispensáveis.

Jornalões fazem o jogo de um dos lados. Basta verificar nas primeiras paginas de ontem, repetição dos sites. 342 a favor do impeachment. 118 contra. 53 indecisos, o que daria 171, se todos esses "indecisos", decidissem exatamente igual. Existe também o voto CONSPIRAÇÃO e o voto CORRUPÇÃO.

A primeira palavra, preenchida com cargos do que acreditam ser o futuro governo Temer. Como o vice garante que montará um governo de "notáveis", os que estão praticamente convidados, duas alegrias. A certeza de ser Ministro, e a possibilidade de ser considerado, notável (sem aspas) coisa que ele ou alguém do seu grupo jamais imaginou.

A segunda palavra vem sendo utilizada desde o momento em que resolveram assumir o desejo de promoção, de vice para presidente. Na mudança de posição de 5 importantes partidos, foi empregado o mesmo método financeiro da campanha da reeleição de FHC,quando gastaram perto de 1 bilhão, os personagens quase os mesmos. Até agora usaram 400 milhões. Sem contar a operação da ultima quarta feira. 14 deputados, em bloco, trocaram suas "convicções" por 50 milhões. Que viajaram de São Paulo até o destino final, sem o menor risco ou perigo de desvio.

O efeito Eduardo Cunha desgasta partidos 

Os mais atingidos: PSDB, PSB, DEM. O PMDB já nasceu desacreditado, não soube ser herdeiro do bravo e resistente MDB. Não é por acaso que os políticos que estão em queda desabalada nas pesquisas, sejam Aécio Neves, Temer, Serra,Alckmin. Até o ex-presidente que não consegue ser Ministro, aparece numa situação de liderança para 2018. Apesar de ser publico e notório, que para chegar a 2018 é necessário enfrentar uma maratona de obstáculos. Eduardo Campos realmente faz falta.

Banco Central, Ministério da Fazenda

Nomes surpreendentemente cogitados para esses cargos: Henrique Meirelles e Delfin Netto. O primeiro é falado para os dois lugares. Delfin apenas para a Fazenda, que ocupou durante 7 anos, na ditadura, a que serviu de forma subserviente. Meirelles veio depois. O ex-ministro da Fazenda foi citado negativamente na investigação de Bello Monte. Delfin respondeu: "Recebi realmente, mas prestei o serviço". O que fazia ele na construção dessa hidrelétrica? De qualquer maneira, os dois são vetados pelo presidente da FIESP. Paga, mas veta.

Este repórter não quer errar por ultimo

PS - Isso é privilegio do Supremo. Conversei mais uma vez com deputados de um lado e do outro. Todos confiantes. Contra o impeachment: "Temos pelo menos 185 votos". A favor, felizes: "Já passamos bem longe dos 342 votos". O Supremo não tem mais nada a ver com o impeachment.

PS2 - Ganhe quem ganhar, perca quem perder, amanhã, não cabe recurso. O mais alto tribunal do país só voltará a ser protagonista, depois do TSE.

PS3 - Este terá que decidir, existem muitos recursos esperando. Cassando ou arquivando, aí sim, o Supremo dará a ultima palavra. Muitos Ministros, ansiosos.

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