Titular: Helio Fernandes

quarta-feira, 4 de maio de 2016

A conspiração ganha velocidade, Planalto e Alvorada terão outros donatários, mas não DIGNATÁRIOS

HELIO FERNANDES

O Senado cumpre o processo de afastamento da presidente Dilma, com a mesma falta de categoria e credibilidade da Câmara. Nenhuma surpresa, os senadores percorrem os caminhos pedregosos ou enlameados, sinalizados e determinados, pelo relatório da Câmara. Insolente, autoritária e arbitrariamente, entregue em mãos pelo próprio Eduardo Cunha.

Podia ter enviado protocolado ou enviado por um secretario da Mesa. Foi pessoalmente, seguido por um bando de deputados, áulicos, apaniguados, também corruptos e processados.  

A chamada oposição decidiu imediatamente: "Temos que repetir a bandalheira e o comportamento vergonhoso da inicial na Câmara". E começou o malabarismo moral e verbal, com um pouco mais de recato e constrangimento, exigência da idade. O presidente da Comissão, por ser o mais velho, indicado e não eleito, era preciso alguém para instalar os trabalhos.

Aí deram inicio á verdadeira farsa. Sabiamente, estabeleceram o senador, que gramatical e politicamente estava oculto por elipse. Gastaram um tempo enorme para exaltar Anastasia, era esse o nome.

Discretamente, como convinha, ficou na sua sala, acompanhando pela televisão a "votação". Concretizado o nada imprevisível 16 a 5, apareceu, agradecendo "a escolha que não postulei". (“Textual”) Podiam ter qualquer relator, o placar seria o mesmo.  

Independente de méritos ou deméritos, Anastásia não podia ser o relator, por causa de sua ligação com Aécio Neves. Vice e depois seu sucessor no governo de Minas, ainda ganhou como compensação essa vaga no Senado. Com seu jeito de apaziguador, vai criando e elevando o clima de hostilidade, dissidência e desespero. A explosão do senador Ronaldo Caiado, compreensível.

Nada a ver com a polêmica e excitante realidade da Comissão ou do seu relator. O fato de ter chamado o senador Lindenberg, "para "ir lá fora"; foi à face visível da insatisfação e decepção com ele mesmo.

Pertencendo a um partido, (DEM, não esquecer que já foi o PFL, de triste memória) com 13 deputados e 3 senadores, se convenceu que receberiam um ministério, e que duvida, seria ele. Riquíssimo dono de muitas fazendas, espalhou que ganharia o Ministério da Agricultura. Desembarcado da "nomeação", que sofrimento. Para piorar as coisas, o também senador Agripino e o filho, estão sendo investigados por irregularidades na construção do Estádio das Dunas. Para Caiado recuperar a calma, só com o ministério da imaginação, se transformando em realidade.

Para compensar esses fatos, a Comissão teve ontem, seu momento de gloria: o depoimento do advogado e ex - presidente da OAB, Marcelo Lavenere. Ele era histórico pela participação no impeachment de Collor. Agora irrefutável, nem interessa se foi ou é contra ou a favor do impeachment da presidente Dilma.

E se como Lavanere, o orador tem cultura, charme, conhece Historia, engrandece o ambiente. E sufoca toda a mediocridade exibicionista. Cada momento tem a predominância da circunstancia. Lamentável, depois de Lavanerer,novamente Caiado lendo números de um almanaque. Mas Lavanere voltou para responder a muitíssimas perguntas. O plenário vibrou discretamente. Como o senador de Goiás, arrogante e autoritário, não é popular entre seus "pares", a visível derrota, considerada "impar"

O futuro governo Temer não provoca entusiasmo no "mercado"

A Bovespa caiu quase 2 por cento, arrastando principalmente Petrobras. O dólar subiu mais de 2 e meio por cento. Difícil fazer comentário, não se sabe a posição do governo. Quando estava a 4,10, o Banco Central sofria, caiu a menos de 3,50, reclamam. Ontem, ás 5 da tarde, o Canal Bloomberg, geralmente bem informado, falava em 4 reais, logo no inicio de Temer presidente interino. Pouco depois, era a CNN que ratificava essa previsão.

A propósito: impopularíssima a devastação que Dona Dilma faz na economia. Preenche praticamente um Diário Oficial por dia. Medidas que poderiam até serem examinadas e elogiadas. No inicio do governo. Mas no fim, faltando apenas alguns dias. Se fizessem pesquisa agora, a ainda presidentA, teria 94 por cento contra. Os outros 6 por cento, seriam "os que não sabem ou não responderam"

Faltam 7 ou 8 dias para  a dupla Temer - Cunha, chegar ao Planalto

Não tenho preocupação com quem sai ou quem entra. Apenas lembrar diariamente, o tempo que falta. Só que agora ninguém tem certeza. Pois Aécio Neves, depois de investigado pelo Supremo, chamou o relator e "pediu” para acabar logo com tudo. Ou seja: antecipar a votação. Passaram então a dar como conseqüência do "pedido", a decisão para sexta feira. Depois de amanhã. Não houve confirmação. Acredito que se tentarem,Temer não ficará satisfeito.
È evidente que o vice está ansioso para assumir, mesmo como interino. Já não gostou do manifesto - trampolim publicado com estardalhaço pelo PSDB. Com íntimos, (4 ou 5,não mais) comentou: "O PSDB se colocou numa situação confortável. Se tudo der certo,aparecerão como sócios majoritários.Errado, passarão para a oposição ao primeiro sinal". Esqueceu de uma realidade: toda a cúpula do PSDB é presidenciável.

Outra preocupação que o vice não tem maneira de esconder. Deliberadamente, preencheu os cargos mais importantes. Gostando ou não gostando, criticando que elogiado, foram aceitos. Agora, o maior problema: os Ministros do segundo e terceiro escalão: PTB, PSD, PR, PRB, e outros. Apenas um exemplo: como fugir do constrangimento, dando posse a Gilberto Kassab? Na mesma semana da votação, ficou a favor e contra o impeachment. Quer voltar ao Ministério das Cidades, impossível negar.

Lula e o PT, não choram por Dilma 


No Instituto só falam na rouquidão.  E na campanha presidencial. Que pretendem começar segunda ou terça, assim que Dilma for afastada. O receio: que o Supremo, hoje, diga que ele pode ser Ministro. E a ainda presidentA, assine a nomeação, hoje mesmo. Pânico total.

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