Titular: Helio Fernandes

terça-feira, 21 de junho de 2016

Eduardo Cunha, os últimos dias de Pompéia. Eduardo Paes, sem charme e liderança, aproveitou bem a Olimpíada, pensou que seriam presidentes, atropelados pela Lava Jato

HELIO FERNANDES

Depois de pouco mais de 2 anos, a Lava-Jato atinge o apogeu que mobiliza praticamente todo o pais.Iniciada em março de 2014,parecia um prolongamento do retardado,espetacular mas inócuo e inútil mensalão. Este dominou as manchetes, popularizou discussões, ganhou notoriedade. Não pela decisão e sim pela inovação.

Condenações elevadas, réus praticamente desconhecidos. Personagens poderosos e sempre intocáveis, denunciados publicamente e de forma retumbante, foram "esquecidos". Inocentados sem serem julgados, atravessavam, incólumes, a larga abertura da frase repetida por todos: "Jamais ouvi falar nisso".

 Em março de 2014, surgia a Lava-Jato, em Curitiba. União da Policia Federal, da Procuradoria Federal, do juiz Sergio Moro, também Federal. Todos de primeira instancia e rigorosamente desconhecidos. Mas foram conquistando espaços pela competência, dignidade, credibilidade. Se afirmando, se consolidando, ganhando a 
confiança da comunidade.

Assustando e transformando em alvos e inimigos, políticos do primeiro time da baixaria e da politicalha. E famosas e enriquecidissimas empreiteiras. Unidas pela corrupção. Pela roubalheira dos dinheiros públicos. Pela divisão, "irmãmente", de fortunas entre as até então intocadas superfaturadoras de obras. E políticos "líderes" dos maiores e mais relevantes partidos, transformadas em ocupantes dos cargos reluzentes, poderosos e intocados.

Foi atingindo personagens jamais ameaçados. Descobriu,identificou, indiciou, prendeu e condenou membros proeminentes de uma quadrilha 5 estrelas, que só da Petrobras, ROUBOU 88 bilhões. Dona Dilma manteve como presidente da empresa, Graça Foster, amiga e companheira do "vicio" das novelas, ela "não sabia de nada".

Mas quando Dona Graça revelou esse numero num "relatório" oficial, foi impiedosamente demitida. (Não no estilo Temer, que ainda era vice e nem conspirava, mas na sua forma usual e especial. De quem também "não sabia de nada", desde a confissão inquestionável de Pasadena).

Lava-Jato agora, consagração ou destruição

O cidadão-contribuinte-eleitor, sabe quase tudo do que aconteceu publicamente nesses 26 meses da Lava-Jato. Mas não sabe nada ou muito pouco dos bastidores. Importantíssimo para o que pode ser o desfecho a partir de hoje. Antes de surgir a Lava-Jato, um dos personagens mais turbulentos, tumultuados, quase desconhecido, tinha um plano ambicioso para cumprir: presidente da Câmara - Governador do Estado Rio-Presidente da Republica. Seu nome, Eduardo Cunha. 2015 -16, Presidente da Câmara, consumou no prazo previsto. 2018, governador. 2022, Presidente da Republica.

Hoje se sabe que poderia ter realizado o projeto ambicioso, não fosse à desonestidade, maior do que a sua ambição. Eleito presidente da Câmara,com maioria estrondosa,se transformou num personagem poderoso.No meio de 2015, ainda não descoberto por Curitiba,mostrou como estava atento.

Sabia que não ganharia de Eduardo Paes, a disputa para Governador. Lançou então,com espalhafato,o nome do prefeito como presidenciável pelo PMDB.O partido,que ainda não abandonara a posição de coadjuvante,nem pensava na conspiração-traição,encampou a ideia.

Mas o inacreditável, imponderável e inimaginável, aconteceu. O prefeito publicamente aceitou a "indicação",não percebeu o que estava por trás.Já havia anunciado seus planos.Confessou em varias entrevistas:"Deixo a prefeitura em janeiro de 2017,vou passar mais de1 ano estudando no exterior,volto para ser candidato a governador em 2018".

Bastante razoável e perfeitamente realizável. Só que não sendo muito brilhante,praticamente desconhecido,sem charme ou liderança,desistiu"de governador,"assumiu" a presidência.

Desapareceu. Ganhara repercussão municipal ,aproveitando muito bem a Olimpíada.Fez obras vistosas,como o Museu do Amanhã,a transformação e a utilização de um bairro abandonado.( A Saúde,entre o túnel João Ricardo,o primeiro construído no Rio,para ligar a Central e o Campo de Santana á Praça Mauá.

E a audaciosa e aplaudida decisão de demolir a Perimetral. Quem teve a ideia foi o prefeito arquiteto Conde,não teve  tempo. Paes conseguiu e consumou).

"Assumindo”, a condição de presidenciável, cometeu erros clamorosos. Encampou a candidatura á sua sucessão do amigo acusado de agredir a mulher.desprezou municípios,Manteve aqueles diálogos vergonhosos com Lula,criticadissimos aqui na época.Seu "patrono" Eduardo Cunha, só cumpriu a primeira parte da ambição,continua nas manchetes,inteiramente negativas

Está cassado pela Comissão de Ética, se chegar ao plenário, perde esmagadoramente. Seus  bens moveis e imóveis bloqueados.Tem que pagar mais de 1 milhão determinado pelo Banco Central.Falam que pode diminuir o tempo de condenação e prisão,fazendo delação.Nega.Mas é a Justiça de Curitiba que não se interessa.Talvez aceite a delação da mulher,Claudia Cruz.  

Pressão no Supremo, contra a Lava-Jato

Julgamento sensação está marcado para amanhã. Em fevereiro o mais alto tribunal decidiu: "Condenado em segunda instancia, o cidadão deve ser preso imediatamente, embora os recursos continuem”. Visível avanço,fim das ações  protelatórias.Os interessados alegaram: "Prejudica a presunção de inocência". Falsidade e mistificação. O objetivo dos recursos é a prescrição. Só os ricos e poderosos se beneficiam. Sentindo que poderiam ser prejudicados, coordenaram ação dupla para derrubar a ação do Supremo.

Souberam que Sergio Machado faria delação, dando como prova-base,  gravações, providenciaram entendimento. Como ele terá que devolver entre 75 e 100 milhões, a proposta. Provocaria os interlocutores a falar contra a decisão do Supremo, pagariam a indenização. Acrescentaram: "Do Supremo nós tratamos". Essa segunda parte está sendo tratada pelo causídico famoso, caro e dono de  restaurantes em Brasília. Está marcada sessão do Supremo para amanhã, quarta feira.

O Supremo não pode anular a própria decisão. Nem acredito que isso seja cogitado. Se voltasse a valer a "prisão depois da sentença transitada em julgado", vitoria completa das empreiteiras roubalheiras. Não haveria mais delação de ninguém. Até mesmo as da Odebrecht e Andrade Gutierrez, que já começaram, seriam interrompidas. E fariam tudo para recomeçar depois da prescrição. No final do dia, circulou: a questão saiu da pauta. Não consegui apurar. Se for verdade, pode ser apenas um adiamento.

De qualquer maneira, haja o que houver, ACREDITO NO SUPREMO.


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