Titular: Helio Fernandes

quinta-feira, 9 de junho de 2016

Estarrecido, o Brasil fica imprensado na batalha campal entre a alta cúpula da corrupção e a revolucionaria Lava-Jato

HELIO FERNANDES

O pedido de prisão de Renan e Sarney, e o conseqüente vazamento deliberado mas por enquanto incógnito, é o apogeu. Mas a guerra que está sendo perdida pelos sempre vitoriosos donatários, beneficiários e provisórios da corrupção, vem de longe. Não citei Romero Jucá e Eduardo Cunha, também com prisão pedida, por um motivo relevante. Os dois são desonestos por vocação e convicção, sempre agiram por conta própria.

As citações e acusações vêem de longe, individualmente. Só se alistaram no exercito coletivo, que luta por uma corrupção organizada, institucionalizada, intocável e poderosa, porque sentiram que assim seriam altamente favorecidos. Estão sendo derrotados. Individualmente, porque o "todo", surpreendente e inesperadamente, passou a enfrentar uma força inexistente. Mas agora popularíssima, chamada de Lava-Jato.

Começou como expressão do inconformismo partidário, era a tentativa de reversão da derrota eleitoral. Por causa disso, os dois primeiros movimentos tinham base e iniciativa do PSDB. O inicio ocorreu logo depois da vitoria de Dilma no segundo turno. Não esperaram nem a posse. Está completando 18 meses, com varias faces e fases. Mas só nos últimos 8 meses ganhou característica de conspiração. De tomada do poder por qualquer meio. Como forma de liquidar a Lava-Jato.

As duas primeiras providencias podiam até ser compreensivas e justificadas. Utilizaram pesquisa encomendada pelo PSDB. E conseguiram um resultado, multiplicado pela repercussão da publicação. O que divulgaram, atingindo duramente a presidente reeleita: "76 por cento dos ouvidos, disseram que a candidata MENTIU na campanha”. Individualmente destroçaram a presidente,mas não se aproximaram do poder.Mudaram então de técnica e de tática, não desistiram.

No dia 12 de fevereiro de 2015, alguém foi ao escritório do jurista Ives Gandra Martins, se identificou assim: "Sou advogado do ex-presidente FHC. Queria que o senhor redigisse um parecer a favor do impeachment". Conversaram, depois do contato veio o contrato. O jurista não levou muito tempo, entregou o trabalho. E falou: "Vou publicar, o parecer, algum obstáculo? "O contratante disse que não, f ez um pedido: "Quero que o senhor esclareça que quem pagou fui eu, advogado do ex-presidente FHC". O parecer foi publicado na Folha, com o esclarecimento sobre o contratante.

Novamente o PSDB, pois seria inacreditável que o contratante utilizasse o nome do ex-presidente, sem ele saber. Ao contrario da pesquisa sobre a "mentira da campanha", um sucesso, o impeachment ficou ignorado. Só voltaram a falar nesse recurso, em setembro de 2015. Mas aí sem nominá-lo. O PSDB continuava na obsessão de chegar ao poder sem eleição. Tinham razão. Depois de FHC, o partido teve 4 presidenciáveis, (2002, 2006, 2010, 2014) não elegeu nenhum. Entrou no TSE com 4 ações pedindo a cassação da chapa Dilma -Temer.

(Se o TSE tivesse cumprido seu dever, teria convocado eleição em 60 dias, nada do que aconteceu,está acontecendo,vai acontecer, teria existido. Durante meses defendi a cassação determinada pelo TSE, e a conseqüente eleição, como a "inclusão do povo no processo". Mas uma parte do TSE já estava seduzido pelo colossal esquema de "trocar o ocupante do poder, para destruir a Lava-jato". A contribuição do TSE, inicialmente era a OMISSÃO).

A partir de outubro de 2015, já estava formalizado e institucionalizado, o maior esquema já formado no Brasil. Para colocar "um dos nossos no poder, e acabar a sangria (textual) da Lava-Jato". Esta já intimidara e aterrorizara os mais poderosos senhores da corrupção, se transformara num poder invencível e irrevogável.

Personagens sempre tidos e havidos como intocáveis, imunes e sempre impunes, estavam ameaçados ou já atingidos. Aí partiram para a conspiração aberta. Com o apoio do vice Temer, e a exigência: "Derrubaremos a presidente, mas o substituto serei eu, que sou vice". (Tudo sem a menor participação ou apoio militar, fato inédito na Historia da Republica).

Nenhuma restrição. O presidente do PSDB, Aécio Neves, aderiu imediatamente, ficando numa posição extravagante. No TSE, pede a cassação de Temer. Na conspiração que passou a integrar, um dos objetivos é derrubar a presidente eleita e colocar no seu lugar, o vice Temer. Não liga para a contradição. O pânico que se apossou dele, se chama Lava-jato. E se transformou numa potencia reverenciada pelo povo, e completamente inatingível.

No fim de 2015, Temer já está em plena atividade, para completar as duas funções. Desgastar a presidente. E ao mesmo tempo mostrar que não tem nada a ver com ela ou com o governo. Para que não possa, mais tarde, ser identificado como traidor. O que não conseguiu, o esquema era grandioso demais, para inocentá-lo.

Começou por enviar á presidente a carta se identificando como "decorativo". Para um homem como ele, presunçoso e pretensioso, foi um sofrimento. E alem do mais teve que entregar a carta no mesmo dia a um jornalista, que fez o que estava obrigado a fazer: publicou. Temer, imediatamente, "acusou o Planalto de vazamento". Era o plano em desenvolvimento, preparação da parte publica, agora sem qualquer constrangimento, identificada como impeachment. E tida como "salvação nacional".

Meses antes da votação do impeachment Eduardo Cunha já presidente da Câmara, teve participação inesquecível. E como precisavam incorporar "a base partidária" da presidente, era indispensável financiamento. Na época revelei aqui: "Os mesmos empresários generosos que bancaram a reeleição de FHC (praticamente 1 bilhão), compareceram na campanha do impeachment. Estão sendo recompensados, mas não esperavam tanto fracasso, incerteza. Na verdade, nada de novo. Equivoco em cima de equivoco. Demissão "a pedido", até de íntimos que não conseguiu proteger, como Jucá.

Eduardo Cunha tem preservado até aqui. Mas sabe que apesar da quadrilha ou esquadrilha que colocou no ar, não atingiu a Lava-jato.Todos eles se estarrecem com o poder da Lava-Jato. Se perguntam dia, mais dia: "De onde vem todo esse poder, que não conseguimos destruir?". Se fossem mais inteligentes, e tivessem mais conhecimento, responderiam: "Do povo, estúpido".

Toda a análise e reflexão, exclusiva do repórter. Baseada em fatos rigorosamente verdadeiros. Nominados desde o primeiro ato, a partir da reeleição. O ato que começou anteontem, com o pedido de prisão e o vazamento insensato que está sendo lamentado pelos que abasteceram o jornal e a televisão, inconcluso. Terá repercussão, qualquer que seja ela. Deverão surgir fatos novos. Em horas ou dias. Retumbantes. Mas não atingirão a Lava-Jato. De jeito algum.

 A falsa euforia do governo provisório

Meirelles ontem: "O crescimento da economia pode surpreender". Por que surpreenderia? Com estagnação? E por que o condicional, PODE? Ontem comentários e satisfação, no Planalto, com o fato das ações da Petrobras terem fechado em alta de 9 por cento. Nenhuma referencia á alta do petróleo em Nova Iorque e Londres. Fechamento batendo em 52 dólares o barril. Semana passada revelei previsões do Irã, Rússia e Arábia Saudita: "2016 pode acabar com o barril a 80 dólares".  A Petrobras pode acelerar a produção do pré sal.

PS - Como funcionavam ontem, ás 17 horas, os três Poderes. “O Supremo decidia uma pendência entre a Eletropaulo e a sociedade amigos do bairro City Boaçava”. Imaginem se a Suprema Corte dos EUA, fosse votar questões como essa.

PS2-A Câmara, sem o presidente, afastado, e o vice, desaparecido, votava muitas matérias. Portanto, a inutilidade dos dois, provada e comprovada.

PS3- O Senado, nas manchetes do país e do mundo, também discutia e votava. Sob a presidência de Renan Calheiros. Que exibia impressionante tranqüilidade. E cumprimentadissimo.

Eleição nos EUA, Peru e Brasil

Hillary Clinton ultrapassa o numero de delegados para ser candidata pelos Democratas. È cumprimentada pelo Presidente Obama. Uma mulher sucedendo um negro. No Peru, a filha de um corrupto, preso por corrupção e crimes contra a humanidade, é derrotada pela segunda vez. O irmão mais moço não votou nela, afirmando publicamente: "Você é derrotada pela segunda vez, na próxima o candidato serei eu". E o povo, sabe disso?

No Brasil, não se sabe quando haverá eleição. Adianta saber?  Depois de uma eleição e reeleição, um golpista chefiando uma conspiração, assumiu o cargo. Que Republica. A presidente que foi "saída", e o golpista que foi "entrado", não se preocupavam com esta realidade. A cada 11 minutos, uma mulher é estuprada.  A cada 22 minutos, um negro é assassinado.

Eduardo Cunha: mesmo sem credibilidade,  mais uma semana de impunidade e leviandade. Demonstrou que domina a Câmara e o governo provisório. A sessão final da Comissão de Ética era terça, passou para quarta, agora ficou para a semana que v em. Não se sabe o dia. È preciso resolver o voto da deputada Tia Eron, que decidirá a questão. Como ela pertence ao PRB, Temer deu ordem ao Chefe da Casa Civil para encerrar o assunto.


Eliseu Padilha foi informado: o presidente do PRB, é o senador Marcelo Cri vela, candidato a prefeito do Rio. Telefonou, pediu para ir ao Planalto. Eliseu Padilha pediu para ele conversar com a deputada da Bahia. Resposta: "Vocês têm um intermediário melhor. È o advogado Geral da União. Ele é o presidente do partido, licenciado quando assumiu o cargo". E foi embora fazer campanha. Eliseu não sabe o que diz ao presidente provisório.                                                                                                               

Nenhum comentário:

Postar um comentário