Titular: Helio Fernandes

terça-feira, 28 de junho de 2016

Tentando se popularizar dá entrevistas, não diz nada. Mas sonha com o futuro. Lacerda e JK, presidentes, mudariam o país

HELIO FERNANDES

Faz o possível e o impossível para se destacar, não consegue. Deu entrevista á Globo News, normalmente é de 30 minutos, anunciaram fartamente, "será de uma hora". Deviam ter reduzido para 15 minutos. Foi no dia 21, no dia 24 já haviam repetido varias vezes, repercussão zero. Dois dias depois, outra "palestra" ao impresso, o mesmo distanciamento do fato e do publico.

No áudio, só o tom habitual do ex-vice, entre pretensioso e presunçoso, considerando que sua palavra, escrita ou falada, está acima de tudo. A primeira pergunta, corretamente, era sobre a razão da carta á presidente, se confessando "decorativo". E a complementação obrigatória: "E por que a publicação imediata de um documento que deveria ser particular e sigiloso?".

Com inusitada veemência respondeu: "Foi à primeira traição da senhora presidente. Não se passou muito tempo, e o planalto vazou o documento". O entrevistador não sabia, foi o próprio ainda vice quem entregou a carta a um jornalista, que como era do seu dever e obrigação jornalística, colocou no seu blog.

Era o que Temer queria, esbravejou furiosamente contra o "vazamento" que ele mesmo coordenou. A carta tinha um objetivo, não podia ficar em sigilo. Era o primeiro item da traição conspiração, deu tudo certo, anunciou rompimento, Começava o impeachment, que levaria Temer á tão sonhada presidência, sem voto e sem eleição.

Era lapso ou gafe, a pergunta: "O que o senhor fará quando ficar legitimo?". Temer não gostou, respondeu, levemente irritado: "Eu sou legitimo, está na Constituição". Como era entrevista vôlei, o entrevistador levanta para o entrevistado cortar, a colocação amável para a resposta encomendada: "O senhor admite ser candidato á reeleição?". Temer abre um largo sorriso: "Em hipótese alguma. Presidência é destino" Ficou satisfeitíssimo com a descoberta da frase, continuou, desfilando títulos e méritos, cada vez mais falante, como se estivesse diante de um espelho.

 "Já servi muito ao país. Mais do que muita gente. Fui secretario varias vezes (duas apenas, o resto exagero), três vezes presidente da Câmara". Com apoio e 
insistência de Renan Calheiros. E um fenômeno: foi presidente, sendo suplente de deputado.

Raramente se elegia, ficava primeiro ou segundo suplente, assumia logo. Podia escrever (se soubesse escrever) um Tratado sobre o Carreirismo, sem disputar grandes cargos majoritários, senador, governador. Vai em frente, glorificando o nada, que é a sua própria vida publica.

Fala sobre a relevância de ser vice e a sua participação, que considerou "importantíssima", na eleição de Dona Dilma para presidente duas vezes. Textual: "Contribuí com uma votação enorme para a vitoria da chapa. As pessoas viam meu nome na chapa, queriam votar em mim, tinham que votar nela". A entrevista vôlei chegou ao fim, nenhuma pergunta que exigisse resposta mais elucidativa ou constrangedora.

Sobrou tempo apenas para a satisfação da constatação: "Fico feliz e recompensado, com o apoio da comunidade ao meu governo".

O Fundo Soberano, e a realidade da Divida publica

Temer e Meirelles conversaram, ficaram satisfeitos com a constatação: o Fundo Soberano atingiu o total de 1 trilhão de reais. Levemente admitiram, que numa eventualidade, poderiam utilizar esse dinheiro, na verdade reservas externas, para dificuldades internas.

Se fizerem isso, será uma traição criminosa ao país, mais exigindo punição do que a traição pessoal de Temer a Dilma. Não deram uma palavra sobre o fato desse Soberano ter sido criado por Lula e mantido por Dilma. E se ela tivesse usado uma parte mínima, não teria sido acusada desvairada, insensata e mentirosamente de "pedaladas".

Mas é preciso comparar a reserva do Soberano com a Divida Publica. O Fundo rende de juros, 5 bilhões anuais. A Divida exige esforço financeiro tão grande que é impossível atingi-lo. Fica em media 10 por cento. 14,25 dos juros catastróficos. 9 por cento da taxa contratual. 6 por cento da exigência dos chamados emprestadores.

Como a Divida está em 2 trilhões e 900 bilhões, a amortização anual, tem que ter um volume de 290 bilhões, não para pagamento. Como vimos à diferença entre o rendimento do Fundo e a massa de juros, tragédia inominável.

Se reduzissimos os juros de 14,25, (os maiores do mundo) para 10 por cento, a media ficaria em 6 por cento. Ainda alta, a amortização baixaria para 170 bilhões. Os juros da Selic tão desprezados, precisam de operação especial.

Dizem que os juros estão elevados para conter a inflação. A Selic foi para 14,25 com a inflação em 12 por cento. Continuou com a inflação em 9 por cento. E o novo presidente do Banco Central, "acena com inflação a 4,5 em 2017", mas não dá uma palavra sobre redução dos juros. FHC elevou os juros, estratosfericamente a 40 por cento, entregou a Lula em 25. Lula passou para Dilma a 12. Ela conseguiu reduzir para 7, ninguém explica a razão, voltou a subir até esses execrados 14,25, que parecem intocáveis.

Lacerda ou JK, Presidentes em 1965, viável e altamente favorável

Teu pai tinha razão, Pawwlow, em Historia não existe SE. Principalmente no limiar dos 40 anos da morte dos dois. Juscelino, mais tarde confessou que conversou sobre uma possível reeleição. Não encontrou receptividade. Abandonou a ideia. Ao passar o cargo para o trêfego e bêbado Janio Quadros, lançou sua candidatura para voltar em 1965. Infelizmente no calendário político não houve 1965.

Nos primeiros dias de 1964, JK teve 2 encontros com Castelo Branco, na casa do deputado Joaquim Ramos, irmão de Nereu. Castelo disse a JK: "Presidente, não quero assumir como "Chefe do Governo Provisório", não terei força para garantir a eleição de 15 de novembro de 1965, o senhor será o beneficiado, já é candidato". (Todos sabem o que aconteceu).

Lacerda tinha a obsessão da presidência. Principalmente depois do excelente trabalho realizado como governador da Guanabara. Muitos acreditaram que apoiou o golpe de 64, como forma de consolidar a candidatura. Engano completo. Ele era tão ligado aos militares, que não existia possibilidade de ficar contra. Mas eles começaram a abandoná-lo quando aderiu á Frente Ampla, que surgiu na minha casa.

Foram tão cruéis com ele, que precisou escrever um artigo emocionante, com o titulo, "Carta a ex-amigos fardados". Me deu para ler, eu ia ficando com ele, pediu de volta, explicou: "Tenho que publicar no Globo, o Roberto Marinho vive reclamando que só escrevo para a Tribuna".

Para terminar, Pawwlow, um encontro impressionante, teria mudado as coisas. Em janeiro de 1966,já não mais governador, telefona: "Helio, preciso conversar com você, agora, mas não quero ir ao jornal". Chegou logo, estava morando no Humaitá enquanto aprontava o famoso triplex.

Não demorou, contou: "Estou vindo do Laranjeiras, o Presidente Castelo me convidou para Embaixador na ONU". Nem deixei terminar, interrompi, aplaudi, "e você aceitou na hora". Respondeu como se fosse o mais normal: "Recusei imediatamente. O presidente ficou surpreendido, pediu para estudar a questão".

Comentei então: "Eles estão te mandando um recado, você não será presidente, mas não ficará abandonado. Tem que aceitar, fala correta e correntemente 6 idiomas, é extraordinário orador, tem paixão por política internacional. O que tiver que acontecer, acontecerá. Se for positivo, é só pegar um avião. Negativo, já estará exilado". Mal acabei de falar, disse apenas, "serei presidente", foi embora. No final desse 1966, fui cassado.  Em 1968 fomos presos juntos, perguntou: "Você ainda considera que eu deveria estar na ONU?". Não era hora de resposta.

Quem tem medo de gravação?

O presidente do Senado, enviou oficio á Policia Federal. Motivo: “quer investigação urgente para saber" quem vazou as gravações do presidente da Transpetro. È possível que Renan Calheiros abandone o pedido. Imita o que fez com o Procurador Geral da Republica. Anunciou que pediria seu impeachment desistiu. Renan está farto de saber, que quem distribuiu as gravações, foi Sergio Machado. Ia gravar para guardar em casa?

Temer e Cunha, íntimos para sempre

Nos ulimos10 dias, estiveram juntos, isolados, três vezes. No Jaburu, lógico, o Planalto é muito transparente. Na véspera da votação do Conselho de Ética, o presidente afastado foi comunicar ao presidente provisório: "Vim TE dizer, que amanhã acaba essa farsa do Conselho de Ética. Sairei vitorioso por 11a 9". Temer: "Fico satisfeito, tuas analises são sempre certíssimas". Derrotado pelos mesmos 11 a 9, Cunha voltou ao Jaburu para explicar, "o que para muitos seria derrota, menos para mim".

Domingo, anteontem, Cunha recebeu um comunicado da assessoria de Temer: "O presidente espera o senhor amanhã, ás 9 horas da manhã". Chegou pontualmente, conversaram até ás 10,15. Não foi muito, fizeram analise sobre o momento político. E mais: examinaram o relacionamento do governo com a Câmara dos deputados. E sensacional: com o presidente provisório em silencio,

Cunha mostrou como o governo tem que agir, "para eleger o presidente da Câmara". Já se despedindo, Cunha falou: "Estou á disposição". Temer foi levar Cunha, ele entrou no carro na frente, com o motorista. No banco de trás, três seguranças.

PS- Que fase, da Inglaterra. Expulsa da União Européia por metade dos Conservadores e metade dos Trabalhistas, a reação que não esperava. Pedem pressa "na saída", não podem esperar. 

PS2-Ontem, o inacreditável: derrotados pela Islândia, foram eliminados da Europa. E o inaceitável: em todos os lugares da Europa onde o jogo era transmitido, vaias para o futebol mais rico do mundo. E satisfação geral.

PS3- Em 48 horas, a Inglaterra longe da União Européia e fora da Euro Copa.


Nenhum comentário:

Postar um comentário