Titular: Helio Fernandes

quinta-feira, 6 de outubro de 2016

2016 e os insensatos de 2018. Os juros que estrangulam o país. O livro de Cunha, não sairá este ano

HELIO FERNANDES

Mal saídos de uma derrota que atingiu praticamente toda a cúpula política, os chamados lideres ou caciques, se descuidam da analise pelo menos para identificar os erros e equívocos. E tentar resgatá-los, redimi-los, procurar recuperar a confiança. De acordo com o que o eleitor deixou bem claro, não indo votar, ou indo e não votando.

Exercendo seu direito. O de anular o voto. Ou votando em branco, o sinal mais claro da pureza. Principalmente respondendo aos candidatos e seus patrocinadores. Que usaram e abusaram tanto do dinheiro sujo, que quase todos, assustados, respondem perante a Lava-Jato. 

Como disse o juiz Sergio Moro numa conferencia, "não vai acabar com a corrupção". Não acabará mesmo. Mas liquidará gerações de poderosos e até agora inatingíveis empresários e membros da politicalha, que enriqueceram sem limites, com o dinheiro do povo. Principalmente dos mais pobres. Que só agora são defendidos, apesar do protesto dos mais ricos.

Em plena crise econômica, financeira, administrativa, de confiança, de inabalável conseqüência ou inconseqüência da politicalha, deviam providenciar a imprescindível e autentica reforma política.

Mas apesar do presidente indireto, pensar (?) que tem 400 deputados firmes e se reunir com eles na residência oficial do presidente da Câmara, só conversou ou discutiu insignificâncias. Reforma política? Segundo Temer, "isso não é urgente ou o mais importante".

Apesar da realidade que não podia ser mais trágica neste 2016, se voltam para o suposto e cada vez mais hipotético 2018. Os derrotados, Temer, Lula, Marina, Aécio, Serra, consideram que podem obter uma reabilitação. Excluí da lista o governador Alckmin, o único que saiu vitorioso. Inventou um nome inexistente, inscreveu-o no seu partido, carregou-o de zona em zona, só parou quando ele venceu no primeiro turno, inédito.

Embora seja mais do que evidente que 2016 não tem nada a ver com 2018, nem mesmo no calendário genial do Papa Gregório, o registro é necessário.

O PSDB é o mais ávido e açodado, na precipitada corrida para 2018. Tem toda a razão. Perdeu as 4 ultima eleições com 3 candidatos diferentes: Serra, Alckmin, Serra novamente, Aécio Neves. Convencidos da impossibilidade obvia de unir o PSDB, apelarão para a formula surpreendente de lançar os 3 na mesma disputa presidencial. 

Aécio pela própria legenda, da qual se julga donatário e destinatário. Alckmin, que não é socialista, pelo PSB, que também não é. E Serra, aos 76 anos, tentará 
por qualquer legenda. Será, pela idade, o ultimo lance de uma carreira altamente movimentada. Com vitoria ou sem ela.

O presidente indireto, sofre com a possibilidade de não disputar a primeira eleição majoritária de sua vida. E sonha com a ideia, cultivada apenas por ele. Ser o mais velho presidente eleito pelo voto direto. Disputaria com 78 anos. Se não fosse essa sua intenção, bastaria enviar uma PEC, acabando com a reeleição. Seria aprovada com entusiasmo e unanimidade.

Dona Marina é candidata certa á terceira presidência. E á terceira derrota. Teve 2O milhões de votos, 18 na segunda. No intervalo, desperdiça tudo, se isolando e desaparecendo. Foi abandonada por um grupo importante de fundadores da Rede. Altos elogios como figura humana. Todas as restrições, e total discordância, por falta de liderança e participação política.

Sobrou Luiz Inácio Lula da Silva. Ex-presidente, não faz segredo: quer ou pretende voltar ao Planalto em 2018. Mas entre o QUERER e o PRETENDER, existe uma distancia enorme. E só a Justiça tem elementos para medir e liberar esse caminho, para ser percorrido presidenciavelmente. Foi o maior líder da sua geração. Sofreu a maior derrocada. E não foi por culpa dos outros.

João Doria: um tratado de palavreado

Deu entrevista de pagina inteira, quebrando um silencio, que devia manter pelo menos até á posse. Desconhecido no lançamento da candidatura, continuou desconhecido mesmo depois da vitoria. Se tivesse ficado calado, talvez mantivesse a esperança de que fosse uma revelação. Pelo menos administrativamente, já que afirma que não é político. 

Contradição ou excrescência. Só ao assinar a ficha partidária, e se registrar como candidato, já se define como político. É facilmente constatável, que está mistificando o eleitor.

Quer conquistá-lo de forma confusa e enganadora. 

Na algaravia e no visível deslumbramento das manchetes e das "primeiras", apenas uma afirmação, feita taxativamente: "Não serei candidato á reeleição". Naturalmente o repórter perguntou, "e depois", mudou de assunto. Não é político, acredita no futuro. Em São Paulo, quem ganha para prefeito ou governador, pode admitir o que quiser.

O livro de Cunha atrasado

Posso informar com exclusividade: o documentario-depoimento do ex-presidente da Câmara, não sairá este ano. Como é do seu estilo, habito e temperamento, quis fazer tudo sozinho. Acreditava que como era alinhar documentos, e reforçar com dados da memória, não precisava de ninguém. Desistiu.

Agora procura um escritor, ou um repórter que saiba escrever, para continuar a delação, não em Curitiba, mas em edição que pretende nacional. Temer e muita gente mais, vai abrir champanha para festejar o atraso.

 Lula cada vez mais preocupado.

Na terça, o Supremo recusou 4 pedidos do ex-presidente. Seus advogados pediam que os processos que estavam com o juiz Moro, passassem para o mais alto tribunal do país. O relator, Ministro Zavascki, não precisou de muito esforço, para mostrar 
que o ex-presidente não tem mais foro privilegiado. Os advogados já sabiam disso. São os chamados recursos protelatórios.

Ontem a Policia Federal denunciou mais uma vez o ex-presidente pelo crime de corrupção. Com ele, um sobrinho. A situação se complica quase que irreparavelmente.

Ainda, ontem, movimentando o judiciário, o STJ, (Superior Tribunal de Justiça) negou Habeas Corpus ao ex-ministro Antonio Palocci. Ele não tem foro (nem reputação) privilegiado. Ficará preso, muito mais tempo do que seus advogados imaginam.

PS- Depois de 7 meses, o Supremo, ontem, reexaminou a decisão magistral que havia sido consumada por 7a 4. Foi exagero de isenção, atender liminar de um suposto Partido Ecológico, que não tinha nem representatividade nem recursos para invocar o mais alto tribunal do país.

PS2- Mas como movimentava interesses de poderosos já condenados em primeira instancia, os recursos fabulosos surgiram imediatamente, e sem qualquer forma de regatear o preço. E por isso, luminares da advocacia, estavam lá. Quem ligar estas considerações com personagens da Lava-Jato, um gênio da observação.

 PS3- Este repórter que acompanhou tudo nos últimos tempos, estava diante da televisão, ontem durante horas. Não queria perder um voto, assistir o tempo desperdiçado, a contradição e a citação, transformadas em suposta sabedoria. Ou exibição mais do que notória.

PS4- Constrangido, envergonhado e decepcionado, constatei o resultado chegar a 5 a 5, exatamente ás 9 horas. Faltava apenas o voto de desempate, ia ser proferido pela presidente Carmen Lucia. Ia escrever antes dela começar a falar. Mas para reduzir um pouco  minha revolta, decidi esperar.


PS5- Em 6 minutos, Carmem Lucia, mostrou que não tem a grandeza e a respeitabilidade, por acaso. E sim pelo direito de conquista. Continuo decepcionado e envergonhado. Mas pelo menos, o direito dos muito ricos, não prevaleceu sobre o dos pobres. Como alguns tentaram impor. Dando a impressão que isso interessasse a alguns.

Nenhum comentário:

Postar um comentário