Titular: Helio Fernandes

quarta-feira, 5 de outubro de 2016

2016: voto desprezado, eleitor desinteressado. Retrocesso inócuo, anacrônico, melancólico, no inserto 2018

HELIO FERNANDES

Não ha duvida ou surpresa: o grande vencedor foi o cidadão que não votou. A média dos que repudiaram a politicalha, foi de 40 por cento. Tomando por base os 3 maiores municípios (SP, Rio, Belo Horizonte) 56 milhões não se interessaram pelo voto, raríssimos tinham convicção.Inscritos 144 milhões,apenas 88 milhões votaram no país todo,ou seja, mais de 5 mil e 500 municípios, alguns sem a menor expressão ou representatividade.

O cidadão condenou taxativamente aqueles que "não nos representam". De acordo com o grito de 2013, totalmente confirmado agora. Estão publicando com destaque, os que não saíram de casa, ou seja, a chamada abstenção. Mas "esqueceram"os que saíram obrigados pela legislação,mas anularam o voto. Em SP, 39 por cento, no Rio 41, em BH, 37.

O eleitor mandou dois recados. Quer o voto livre, repudia a obrigatoriedade. Não tinha preferência optou por nomes em vez dos partidos. Não existe mais o voto independente, que prevaleceu de 1890 a 1945.

(Rui Barbosa se candidatou 3 vezes a presidente, desistiu uma, concorreu a duas. Sozinho, teve votação excelente. Sua "Campanha Civilista" em 1910, é lembrada até hoje. Apesar dos meios de Comunicação  serem inexistentes).

Também ficou bem claro e elucidativo, que não ha e não vai haver reciprocidade na eleição municipal e eleitoral de agora e a de 2018. Primeiro, porque está muito longe, e percorrendo um caminho pedregoso. E segundo,porque os nomes são os mesmos, dominam o cenário ha 15 ou 20 anos. Isso se restringirmos a analise apenas á sucessão presidencial. 

Se examinarmos também o importante Legislativo, aí atingiremos um numero de personagens, quase eterno. Com essa realidade não podemos fugir da constatação irrefutável e irrevogável: a reforma política é urgente, já para a próxima eleição.
Se chegarmos a 2018 com essa legislação, que garante o voto PROPORCIONAL, uma escressência. E também o numero inacreditável de partidos, repetiremos a farsa de agora. È preciso reduzir as legendas a 5 ou 6.Acabar com o Fundo Partidário. Liquidar o horário eleitoral, chamado de "gratuito", mas pago pelo contribuinte.
Alckmin e Lula, comparando 2016 e 2018

Já afirmei a não semelhança entre as duas disputas. Mas temos que registrar que o prefeito João Doria foi eleito pela maquina do governador. Ele se filiou ao PSDB, porque era o partido de Alckmin. Mas não teve nem tem nada a ver com o PSDB. Começou com 5 por cento das preferências."Carregado"  quase sem saber, obteve 53 por cento, com uma vitoria inedita no primeiro turno. O proprio governador, ha mais de 1 ano, tem acordo com o PSB para 2018.Foi beneficiado agora, impossivel prever se essa votação de 2016, se projetará para 2018.

O presidente do PSDB, Aecio Neves, preocupadissimo. Esperava uma indicação facil. Mas foi obrigado a duas afirmações. Contraditorias mas rigorosamente mostrando seu estado de espirito.1-"O PSDB está rachado, não ha duvida". 2-"O governador não sairá da legenda. Se deixar o PSDB,será visto como traidor". Escolham á vontade.

Alckmin é o mais "estadualizado" dos politicos. Desde 1994 vive e domina o Palacio Bandeirantes. Vice de Covas, foi reeleito com ele, em 1998. Covas já muito doente, assumiu em 1999, morreu em 2001. Alckmin assumiu, se reelegeu em 2006. No mesmo ano saiu pela primeira vez de São Paulo, tentando trocar o Bandeirantes pelo Planalto. Não conseguiu, voltou correndo para o estado, mais uma eleição e reeleição. Agora, haja o que houver,disputará em 2018. Ninguem é mais peemedebista do que ele.

A situação de Lula é completamente diferente. Começou como sindicalista, inteiramente perdido e sem rumo.Custou a encontrar o rumo que o levaria á presidencia da Republica. Candidato a governador, ficou em quarto lugar, ninguem notou sua presença. A seguir, deputado constituinte sem participação, só foi lembrado pelas manchetes estapafurdias: "A Camara tem 300 picaretas".

Mas na primeira eleição direta depois da ditadura, em 1989,apareceu como candidato do PT ao Planalto. Numa eleição cheia de estrelas, foi para o segundo turno com Collor, na frente de Brizola por meio ponto. Foi chamado de "sapo barbudo", não se incomodou. E fez a grande descoberta, que revolucionou sua vida: não era  apenas um frequentador de palanque sindical. E sim um orador nacional, que entusiasmava os partidarios, e conquistava adversarios.

Foi vitimado pelo impeachment de Collor, que favoreceu escandalosamente FHC. Perdeu em l994 e 1998, praticou a façanha de ser eleito na quarta tentativa. Fato inedito em qualquer país. Roosevelt foi eleito 4 vezes (1932,36,40, 44) mas não perdeu nenhuma, morreu como presidente. A tristeza da morte de um estadista.

O primeiro governo de Lula foi muito bom, até Obama, proclamou, "Lula é o cara". Mas começou a reverenciar a arrogancia, a mudança de orientação, se perdeu totalmente. O PT e Dilma "ajudaram "a derrocada, os insucessos foram inimaginaveis. Na eleição de agora, estava no fundo do poço, a queda foi a que todos esperavam. Tem que voltar a 2002, empreender a longa e dificilima caminhada de volta. Trabalhosa, mas não inimagivel. De qualquer maneira, aos 71 anos de idade, já está na Historia. Preferiria estar novamente no Planalto.

Hoje, expectativa sobre o Supremo
Nesta quarta, admite-se que a decisão de fevereiro, possa ser ratificada. Já se passaram 7 meses, depois que os 11 Ministros votaram e aprovaram questão relevante e aguardada. Por 7 a 4, os réus condenados em segunda instancia, seriam imediatamente presos, embora os processos continuariam.

Nesses 7 meses tenho acompanhado os recursos,a questão entra e sai da pauta.A pressão sobre o tribunal é impressionante. Principalmente da parte das empreiteiras
roubalheiras,  já condenadas pela primeira vez. E quase na hora de sofrerem a segunda condenação. É uma resolução, de grande interesse para os ricos e poderosos. Que podem pagar advogados caros.

Ontem, o juiz Sergio Moro, num congresso de magistrados criminais, afirmou publicamente, "espero que o Supremo mantenha sua decisão". No fim do discurso, declarou: "A Lava-Jato não vai acabar com a corrupção". Mas sem duvida alguma foi um avanço aplaudido pela comunidade.

A impopularidade de Temer

Assim que acabou a eleição de domingo, falou: "O eleitorado mandou um recado claro, que não está nada satisfeito". Mas ontem, quem enviou recado para o presidente indireto, foi o Ibope, numa pesquisa com o CNI. 1-A popularidade de Temer, que estava em 13 por cento, subiu para 14.

2- Mas ha mais e muito mais grave. Ampliando a analise, o Instituto avaliou o ritmo de credibilidade da comunidade. Resultado: 68 por cento dos entrevistados não têm confiança no presidente indireto.

3- Mas os dados contra não surgem apenas de pesquisas, e sim de números irrefutáveis. Apesar das afirmações do Ministro da Fazenda, que insistiu anteontem:

"Empresários e consumidores aumentaram a segurança sobre o crescimento".
4-O PIB caiu 3,8 por cento em agosto, na comparação com o mesmo mês do ano passado. Informam que nos 4 últimos meses, houve alta. Mas não podem deixar de explicar timidamente: "Essas altas dos 4 meses, foram menores do que a queda de agosto". Em suma: depois de quase 5 meses, não ha suma.

 A paz da Colômbia

A disputa entre as Farcs e o governo, se complicou. Todos falam, "queremos retomar as negociações, a pacificação é indispensável". Mas não existe um ponto de conciliação e de concordância. O lider do NÃO, quer mais conversas, mas com um roteiro inteiramente novo. Por exemplo: não admite a impunidade, querem a  condenação por um tribunal militar.

Outro fato: não aceitam que os chamados guerrilheiros, fundem partido político. Não 
aceitam também, de jeito algum, que disputem a presidência da Republica. Já os lideres das Farcs, dizem, "somos totalmente pela paz, sem punição ou condenação".

O tumulto e a divergência, inaceitáveis.

Um numero da eleição pelo plebiscito, que provoca reações: a abstenção foi de 63 por cento. Apenas 37 por cento, compareceram e votaram. Comentaristas do mundo inteiro, perplexos. E não chegam a uma conclusão. Essa ausência extraordinária, favoreceu o SIM ou o NÂO?


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