Titular: Helio Fernandes

sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Deputados e senadores agem nos bastidores, comandados por Renan

HELIO FERNANDES

Não existe crise institucional. E sim pessoal, passional e de sobrevivência. Levou meses para explodir com o estrondo de agora, por causa da demora do depoimento de Marcelo Odebretch e 50 executivos da Odebrecht. Era do conhecimento de muita gente: ninguém sabia tanto quanto ele. E nenhuma empresa foi tão importante e comprometida com a coordenação.

Tudo documentado, departamentos autônomos no Brasil para manipular a corrupção. Nenhuma empresa foi tão cuidadosa e aparelhada.

No exterior, organização vasta e custosa, que controlava e efetuava os pagamentos, sempre em moeda estrangeira. Dólar e euro. E com funcionários com total autonomia para avaliar e pagar, o que consideravam que os corruptos mereciam. Nunca houve reclamação. Quando ha mais de 6 meses, Marcelo, assessorado pelo pai, Emilio, resolveu contar o que sabia, satisfação geral em Curitiba.

Por que então o acordo demorou tanto? Marcelo queria imunidade total, sabia melhor do que ninguém, a mercadoria que tinha para entregar. A equipe da Lava jato, dizia, "podemos até concordar, mas queremos comprovação da importância do material que receberemos".

Essa negociação foi naturalmente demorada. Delegados e Procuradores, queriam provas antecipadas. Marcelo resistia, garantia que tudo o que acontecera, fora gravado, filmado, fotografado. Mas só mostraria com o entendimento, aceito pelos dois lados. Quando concordou em mostrar, digamos "1 por cento do que tinha”, ganhou a confiança de todos.

E quando o pai fez a proposta de colaboração de "50 executivos", as resistências terminaram. Começaram as conversas e a apresentação dos documentos. À medida que iam caminhando, o assombro da equipe ia aumentando. Ninguém fora de lá, soube de qualquer coisa concreta. 

Também não houve vazamento. Mas conhecendo a importância da Odebrecht, que pagava a todos, concluíram: "Mais de 200, entre políticos, diretores, funcionários da Petrobras, ministros, seriam denunciados".

Renan assume o da resistência

Deveria ser do presidente da Câmara, mas Eduardo Cunha estava muito desgastado. Era mais intimo e apaniguado de Temer, já havia vencido a batalha do impeachment de 17 de abril, resistiu. Temer convenceu-o com promessas, e com a constatação: "O processo agora vai para o Senado, o Renan não é confiável. Mas você não será esquecido".

O presidente do Senado não teve a menor importância no impeachment. Mas apoiado pelo presidente ainda provisório, foi agindo lateralmente. Conquistando a confiança dos mais diversos acusados na lava-jato. Pois todos os movimentos e ações de Renan significavam represália e enfrentamento da lava-jato. E cada vez com mais audácia e arrogância.

O primeiro movimento aberto, foi "desenterrar” o projeto, que estava no congresso desde 2009. Desabrida e despudoramente chamou de "abuso de autoridade". Era abertamente contra a Lava-Jato, mas tão agressivo, que foi recusado e desautorizado pelos próprios beneficiados. Renan ficou surpreendido, mas não abandonou o combate.

Com a cumplicidade de Temer, (que viajava) e de Rodrigo Maia, manipulou um projeto, "sem autoria conhecida", rotulado de projeto da “calada da noite". De madrugada, seria aprovada a ANISTIA para os que usaram dinheiro sujo em campanhas eleitorais. Ia ser aprovado sem discussão, dois ou três deputados protestaram, a manobra espúria foi derrubada sem votação.

Temer e Maia fingiram que não sabiam de nada. O Secretario Geral Beto Mansur,  assustado, passou recibo, confessou: "Não tenho nada com isso, me deram o projeto, mandaram colocar na pauta, nem li". Era a segunda derrota.  

Reeleição de Renan, e de Rodrigo Maia

Sempre nos bastidores, um movimento, que serve a muita gente. Aos dois citados, que continuariam mais 2 anos como presidente do Senado e da Câmara. E do presidente indireto, entusiasmado. Está tendo problemas para encontrar um substituto para Maia. Este deu duas entrevistas de meia hora cada, (na Band News e na Globo News), gastando todo tempo elogiando e apoiando Renan.

Enquanto a ação de bastidores continuava, inesperadamente surgiu a questão das ilegalissimas "varreduras". Abusou da arrogância, criou caso desnecessário. 
Agora está sem saída, em conflito com o judiciário. Sem que ninguém soubesse, como a pauta do Supremo é organizada com muita antecedência, foi colocado um assunto atualíssimo, que atinge em cheio o próprio Renan.

Na primeira quarta feira de novembro, a próxima, o Supremo examinará, quer dizer, APROVARÀ: deputado ou senador, que seja REU, não pode figurar na hierarquia sucessória. Justo. Democrático. Republicano. Não atinge Renan, que não é nada disso, responde no supremo a 9 processos.

Desemprego aumenta

Em plena euforia do governo, os que não conseguem trabalho, aumentam mês a mês. Quando o desemprego passou a ser anunciado em números e não em percentagens, estarrecimento geral. Muitos não acreditaram que os sem emprego, fossem 12 milhões, realmente inacreditável.

Só que setembro fechou com 12 milhões e 400 mil. E economistas independentes, afirmam: "Antes de começar a haver emprego, o numero chegará a 13 milhões". Enquanto isso, o Ministro Meirelles, incurável otimista vazio, não para de repetir: "Os empresários estão reconquistando a confiança". Então, por que não retomam o investimento? Confiança sem investimento e emprego, é igual a zero.

Barril de petróleo

Ha 15 dias seguidos, está valendo 50 dólares em Nova Iorque e 51 em Londres. Ha 3 meses me disseram de lá: "2016 fechará entre 65 e 70 dólares". Estava em 38, não acreditei. Mas publiquei é a minha obrigação. Continuo sem acreditar. Mas também não tenho explicação, para o fato de não cair nem subir.

PS- O caso criado ao mesmo tempo pela arrogância e o primarismo provinciano de Renan Calheiros, não está encerrado. E o senador não foi vitorioso, como disseram alguns apressados comentaristas de TV.

PS2-O Ministro Zavascki SUSPENDEU a ação, pedindo que lhe enviassem todos os dados sobre a questão. Fará então seu relatório, que submeterá ao plenário. Haverá então o exame coletivo. E pelo menos ficará esclarecido definitivamente, o que a Policia Legislativa, pode ou não pode fazer.

PS3- a decisão não está mais com o presidente do Senado. Ele vai cumprir o que o Supremo decidir. E poderá responder ao Conselho de Ética, o que jamais imaginou.
  
PS4- Quanto á reunião de hoje, 50 ou 60 pessoas, apenas um contato. Nada fraterno ou  amistoso, mas rapidíssimo.


PS5- Agora uma notícia em “primeira mão”, para a advocacia do Rio de janeiro. O presidente da Ordem dos advogados do Brasil - Seccional do Rio de Janeiro, Felipe Santa Cruz e seu tesoureiro Luciano Bandeira, revelaram para esse repórter que vão REDUZIR o valor da ANUIDADE da instituição. A medida faz parte do Plano de Redução de Custos, visando ajudar os devotados jurisconsultos a superar a crise que assola o país. De acordo com o dirigente, isso só foi possível, graças o planejamento e empenho do tesoureiro geral da OAB Luciano Bandeira, que enxugou os custos da máquina da instituição. Bela iniciativa, merece minhas saudações.




            

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