Titular: Helio Fernandes

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

A Lava-Jato tem NOVO relator, o presidente da Câmara é o MESMO

HELIO FERNANDES

Ontem eu terminava, esclarecendo: "A quarta interrompida, e a quinta, definitiva". E sem o menor risco, afirmava: "Se o Supremo não vetar o seu nome, Rodrigo Maia se elege no primeiro turno". Está tudo escrito de véspera e não deu nada errado.

Maia teve 5 adversários, todos entraram no Supremo, contestando sua candidatura. O relator, decano Celso de Mello, ficou uns dias para escolher entre 3 possibilidades. Dizer SIM á candidatura, NÃO, ou então expressar sua convicção conhecida: o Supremo só deve intervir no Legislativo, se isso for rigorosamente imperioso.

Na quarta, ás 22 e 13 minutos, surpreendendo alguns, Celso de Mello revelou sua decisão: "Só a própria Câmara pode impedir candidaturas, qualquer que seja a argumentação". Depois da palavra do Ministro, deputados tentaram implodir Maia. Mesmo juntando os outros 5 candidatos, não conseguiam retirar a candidatura dele. E disputando, perderiam na certa. Maia precisava de 257 votos, teve 293, margem tranqüila.

MAIA GANHOU A ELEIÇÃO E O FUTURO

Tem ou terá, 2 anos radiosos. Como presidente EFETIVO da Câmara, substituto EVENTUAL do Presidente da Republica. Nada absurdo que esteja pensando e trabalhando para o prolongamento da carreira. Que é naturalmente a eleição para governador do Estado do Rio.

Tem que acreditar, sonhar, trabalhar para que o regime tenha mesmo 2 anos. Dificílimo mas não impossível. Citado 43 vezes na Lava-Jato. Ameaçado ha 14 meses de ter o mandato cassado pelo TSE, Temer tem sido salvo esse tempo todo, pela proteção de Dias Toffoli, até maio, e de maio até agora por Gilmar Mendes. Isso não é "forma republicana" de pertencer aos mais altos tribunais do país.

Se finalmente Temer for "flagrado" e cassado, haverá eleição indireta. Para presidente e vice, a sucessão ficará completa. E pode atingir o presidente da Câmara e do Senado, apesar de terem sido escolhidos diretamente. Temer influiu na vitoria de Maia, mas não tanto quando admite ou propaga.

A ESTRATEGISTA CARMEN LUCIA

O Brasil e o Supremo tiveram a sorte admirável, de ter como presidente, uma mulher carismática, talentosa, que pensa no futuro. E com isso, toma suas decisões, baseada na tática e na estratégia. È mais do que visível que tinha objetivos, conquistou todos. Examinemos.

1- Fechou a questão com ela mesma, considerando que seria a melhor solução. Ou seja: o substituto de Zavascki teria que ser da sua Turma, a Segunda. Não só por ser a continuação, mas porque lá estava Celso de Mello, irrefutável e irrevogável, se a prevalência fosse por INDICAÇÃO.

2- Precisava completar essa Segunda Turma. E do principio até o fim, se fixou no nome de Edson Fachin, da Primeira. Não tinha prioridade, mas sabia que os outros 4 da Primeira Turma, não eram fanáticos pela transferência.  Marco Aurélio Mello, chegou a dizer: "Não recuso processo, mas no caso, prefiro assistir na arquibancada".

3- Tudo acertado, ontem ás 9 da manhã, Fachin já era da Segunda Turma. E como cabia a ela decidir pelo sorteio na Turma ou no plenário, decidiu pelo mais arriscado. 

4- A estratégia da transferência de Fachin, tinha outro ponto fundamental. Agora, o Ministro indicado pelo Planalto, irá obrigatoriamente para a Primeira Turma, e não para a cobiçada Segunda. Que cabeça. 

5- A confiança no sorteio eletrônico, era total, completa, e absoluta. Não iria escrever todo esse roteiro, para perder tolamente, e ser derrotada apenas por um toque. 

6- Ha muitos anos, um caso de enorme repercussão iria ser decidido eletronicamente. Eu cobria jornalisticamente, perguntei ao magistrado que comandava o episodio: "O senhor não tem medo do computador, de uma traição eletrônica? E ele tranqüilo: "Existe sempre uma solução". Acertou.


7- Em 1980, quando a Era eletrônica se iniciava, o Millor escreveu uma peça de teatro, com o titulo: "Computa, Computador, Computa". Defendia a tese, de que mesmo na badalada existência eletrônica, não existe final infalível, ou que não possa ser modificado pelo homem. Ou melhor ainda, por uma mulher.

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