Titular: Helio Fernandes

terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

Temer, o estrategista da contradição e da inutilidade

HELIO FERNANDES

Amanhã, estará completando 9 meses do poder que não conquistou, apenas usurpou, como tudo que aconteceu na sua vida publica. Aristocrata, desdenhava o povo, jamais pretendeu o seu voto, a não ser para vagas eleições de deputado federal, quase sempre ignorado. 

Jamais acreditou que pudesse chegar à presidente, mesmo nas condições em que chegou. Mas são 9 meses isolado em 3 palácios. Continua distante do povo, agora apavorado com possíveis vaias, fugindo de tudo e de todos.

Nesse caso, está coberto de razão, sua impopularidade é conseqüência da sua visível incapacidade.

A partir da tragédia com o Ministro Zavascki. E com as delações iniciais do diretor da Odebrecht, Claudio Melo, citado 43 vezes, foi obrigado a 3 providencias. E ainda é impossível saber qual será a sua reação, diante da volumosa delação dos 77 executivos e ex-executivos da Odebrecht, incluindo o próprio chefão, que dizia sempre: "Jamais farei delação". 

Mas fez e carregou com ele, todos que o ajudaram na espantosa corrupção. Os depoimentos ainda estão em sigilo, mas não irão durar a vida toda. Apesar da trincheira de julgadores, que o protege. A opinião publica quer conhecer os 77 depoimentos, a roubalheira das empreiteiras, levou dinheiro publico.

TEMER ERROU NO TEMPO AO NÃO SUBSTITUIR ZAVASCKI

Logo que foi constatada a inacreditável tragédia, Temer veio a publico, afirmou e insistiu insensatamente: "Só indicarei o Ministro do Supremo, depois que for escolhido o novo relator da Lava-Jato". Tinha que fazer exatamente o contrário. Decidir sobre o substituto, mandar o nome ao Senado, que aprovaria sem qualquer resistência.

Com isso, imobilizaria o Supremo e seu presidente. Carmen Lucia não tinha a liberdade de Temer, estava sujeita a muitas vozes e opiniões, tinha um roteiro a seguir, mas precisava percorrer um caminho pedregoso. Com a falta de ação de Temer e sua espera negativa, o Planalto ficou ultrapassado.

 Agora, Temer pode levar o tempo que quiser o Ministro que indicar, irá obrigatoriamente para a Primeira Turma. Que não tem nada a ver com a Lava-Jato. Se tivesse percebido a oportunidade, o quinto Ministro da Segunda Turma, seria o indicado por Temer.

TEMER E O FORO PRIVILEGIADO

Assim que assumiu como provisório, com a certeza de que seria logo indireto, começaram as especulações sobre nomes ministeriáveis. Naturalmente muitas lembranças ou indicações, sujeitas a confirmação. Apenas um era certo, todos diziam, será o que quiser: Moreira Franco.

Formada a equipe, surpresa inimaginável: Moreira não era Ministro, ficou com uma secretaria palaciana. Para os que comentavam o fato, de forma negativa, respondia: "Não preciso ser Ministro, para cumprir meus objetivos". Parecia realidade indestrutível. Foi ficando sem a denominação maior.

Mas os fatos se desdobraram de forma diferente. O Diretor de Negociação da Odebrecht, que citou Temer 43 vezes, também lembrou Moreira Franco em 34 citações, até os números são parecidos. Aí se tornou indispensável à denominação de Ministro. Como a mudança é livre para o presidente, mesmo indireto, eis em 48 horas, o secretario transformado em ministro.

Houve tentativa de explicação dupla. Do presidente indireto, e do personagem transformado. Não foi difícil, apenas mudança da ordem das palavras. Era: SECRETARIO do Ministério do governo. Passou a ser: MINISTRO da secretaria da presidência.

A última palavra será do Supremo. Não só porque trataram do assunto no passado, e impediram Lula de ser Ministro, o que não precisava de autorização de ninguém. Mas também porque agora, a oposição entrou com recurso, impedindo a mudança de secretario para Ministro, visivelmente com o objetivo de obter privilegio num possível julgamento. 

Muita curiosidade a respeito da posição do Ministro Gilmar Mendes. Foi ele que impediu Lula de ser Ministro Chefe da Casa Civil. Impedirá também Moreira Franco, não por ele, mas por proteção ao amigo Temer? 

NOVO MINISTRO DO SUPREMO

Desesperançado e descrente com o futuro, o indireto teria decidido indicar para substituir Zavascki, o primeiro nome lembrado por ele. È tão medíocre e sem credenciais, que foi vetado de todos os lados. Nos bastidores se diz que teria voltado. Não publico seu nome, não está confirmado, embora a intimidade de Temer com ele, extravagante e capaz de justificar absurdos. 

A indicação precisa ser ratificada pela CCJ, (Comissão de Constituição e Justiça) que ainda não tem nem presidente. E depois pelo plenário, controlado vilmente pelos três palácios do indireto.

Num momento da política brasileira dominada pela ignomínia, nomear para o Supremo o anti-Zavascki, é insensato, espúrio e até revoltante. Mas com o perfil exato de Temer.

A SEMANA DE EDUARDO CUNHA

Hoje será ouvido pelo juiz Sergio Moro. Dizem que pode não terminar, continuaria amanhã, quarta. Nessa mesma quarta está na pauta do plenário do Supremo. Como disse no ultimo dia antes do recesso, ele entrou com pedido de libertação. Queria a Segunda Turma, ficou longe. 

PS- Mas nem tudo é contra o ex-presidente da Câmara. Na época da cassação, só teve um defensor diário e intransigente: Carlos Marun. Agora será presidente da Comissão Especial da Reforma da Previdência. Que ainda nem existe.


Nenhum comentário:

Postar um comentário