Titular: Helio Fernandes

segunda-feira, 6 de novembro de 2017

NA LUTA CONTRA A ESCRAVIDÃO, O
SALÁRIO EM DOBRO DA EMANCIPAÇÃO

HELIO FERNANDES

È o assunto do dia, apesar das manchetes, debates, processos, denuncias  e revoltas (?), provocadas pela entrevista corajosa do ministro da Justiça. Dona Luislinda ocupou um espaço tão grande quanto a sua reivindicação.

Depois de 14 meses como ministra dos Direitos Humanos, deixou o cargo estremecendo o país, e desfazendo a aura criada com a sua ascensão.

Nomeada e empossada, foi uma festa geral. Ninguém sabia de onde surgira, homenagens de todos os lados. O fato de ser negra, considerado e era mesmo um avanço. Televisões repetiram a cena da entronização, o presidente Temer não continha a euforia.

O seu perfil extravagante, aqueles cabelos enormes saindo da cabeça e descendo pelos ombros,  não tinha importância antes, continua sem importância agora. O que interessa é o que se esperava dela e a decepção pelo que não fez esse tempo todo, e o vexame da saída.

Quando reivindicou receber 61 mil reais por mês, é que se soube: assumiu o ministério já  desembargadora aposentada, 31 mil mensais, legítimos. Não falou nada, acumulou com os 30 mil ministeriais. Na iminência de deixar o cargo, aí começou a confusão, surgiu a "justificativa" da escravidão.

Negado o pedido, respondeu com explicações contidas num texto de 207 páginas, um verdadeiro livro, em resposta, apenas o arquivamento. Aí nas circunstancias, desistiu da acumulação. Agora, um problema. Durante o tempo  em que esteve ministra, recebeu os 30 mil do cargo, acumulando os 61 que pretendia durassem para sempre.

PS- Terá que devolver o que recebeu a mais, indevidamente.

PS2- O caso dela se tornou publico. Mas no governo Temer, tem gente aposentada,
(vários), recebendo pelo cargo, ultrapassando o teto.

PS3- No judiciário, são centenas.

PS4- No Legislativo, a "farra" salarial é oficial.

PS5- Senadores que foram governadores (e vice versa) recebem mensalmente, 64 mil. 32 pelo estado que governaram, 32 pelo senado.

PS6- E para terminar, a situação de Michel Temer. È aposentado pela Câmara, 28 mil mensais, o máximo permitido.

PS7- E como vice, não recebia nada ? E como presidente depois da conspiração parlamentar, também não recebe Nada? Não consegui informação. Mas ele devia vir a publico, explicar sua situação salarial.

ARTUR VIRGILIO PRESIDENCIAVEL

Escreveu artigo excelente, lançando  a própria candidatura. Deputado atuante, senador brilhante e contundente, não se reelegeu, contrariou interesses poderosos. Diplomata de carreira, pediu posto, ficou muitos anos no exterior.

Voltou, foi eleito prefeito de Manaus, fez ótima administração. Reeleito no primeiro turno. Em pleno mandato, considerou que ainda tem contribuição a dar no plano nacional. Anunciou que deixa a prefeitura em abril.

Não sei por qual legenda concorrerá. Como senador, pertencia ao PSDB, antes do partido se transformar em balcão de negócios.

O pai, intransigente combatente da ditadura, foi cassado no mesmo dia que este repórter.

TETO SALARIAL

Agora que  a desembargadora (aposentada) e ministra (na ativa) levantou a questão, muita coisa ficou a descoberto. Vou lembrar apenas um caso, do poderoso Eliseu Padilha, ministro de FHC, de Dilma, de Temer.

Ha 6 meses, não sei  se pressionado por alguém, revelou publicamente: "Constatei que estou recebendo mensalmente, acima do teto. Preciso tomar providencia. Mas minha aposentadoria é intocável".

Se for legal, a aposentadoria é realmente intocável. Mas todos os personagens do "gabarito" de Eliseu, com o segundo cargo, ultrapassam facilmente o teto.Não descobri nenhuma providencia de Eliseu para  se colocar dentro da lei, e devolver o que recebia em excesso.

E ainda foi salvo por Rodrigo Maia. Se tivesse fatiado a denuncia do PGR, encampado pelo Supremo, Eliseu e Moreira Franco estariam perdidos.



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